2017-06-29

Desaprender













“Chega um dia em que se o homem não deixar tudo para trás, não vai para a frente.”
(Micitaus do Issas)

“Dois monges caminhavam em silêncio pelas margens do rio perto do mosteiro onde habitavam. Tinham em comum um voto de castidade, o qual determinava que não podiam falar ou tocar numa mulher.
Numa das suas caminhadas, viram uma mulher desesperada, que tentava atravessar o rio, cuja corrente mostrava-se forte naquele dia.
Um dos monges aproximou-se e ofereceu a sua ajuda, ao que ela aceitou.
Ele levantou-a nos braços e atravessou com ela o rio, deixando-a do outro lado.
Voltou então para perto do seu companheiro e prosseguiram o seu caminho em silêncio.
Após duas horas, o outro monge disse: “Eu não posso acreditar que ajudaste aquela mulher a cruzar o rio! Eu não posso acreditar que tocaste nela! Quebraste os teus votos…” e continuou a reclamar.
O monge ouviu o seu companheiro em silêncio. Olhou para ele e disse-lhe: “Eu deixei-a há duas horas atrás e és tu que ainda a trazes ao colo.”

O ser humano aprende (como é bom aprender!), ao mesmo tempo que almeja por silêncio mental, tranquilidade emocional e paz no coração. Simultaneamente, guarda todas as memórias, assuntos, discussões, tristezas, como se fossem frasquinhos de cristal no armário lá de casa, que por sinal nunca chegam a ser necessários.














É a famosa “bagagem”. E é aqui que se inicia o processo de desaprender.

Há a famosa citação de Mark Twain: “Tive muitos problemas na vida, a maioria dos quais não aconteceu.”

Esta semana li uma frase idêntica – as situações difíceis são sempre menores quando vividas do que quando pensadas.
Acomodam-se e armazenam-se concepções, que não são mais que uma das muitas interpretações possíveis de uma mesma situação, e nada fazem com que se veja outra perspectiva, pois juramos a pés juntos que foi assim que ocorreu.
 
Paralelamente, adquirimos normas que nos ensinam a dizer “Pois, eu sou assim…”, quando na verdade nada daquilo nos pertence. Pelo contrário, corrompe a nossa essência, a nossa verdadeira identidade.
Abrigam-se juízos, vindos de imposições alheias, que aos olhos do sentimento de culpa, só nos resta acolhê-los, não vão eles montar a tenda por perto.
Constroem-se crenças de uma simples rejeição e pensa-se que afinal o mundo está contra nós, mas parece sempre ser mais confortável viver assim. Pelo menos, evitam-se possíveis confrontações, com o próprio, claro!
 
E com isto, já se leva um grande avanço nos ratings da carga desnecessária da vida.
 
Desaprender é viver cada momento, aprender coisas novas e deixar as coisas no seu lugar. O único conhecimento é a experiência. Se não me engano, é uma verdade transversal a todos os pensamentos existentes desde o princípio dos tempos.
 
Desaprenda! Passa a ser uma vida diferente, acredite! 
 

 
Se quer mesmo ser feliz vai ter de aprender a ignorar muita coisa.
(Anónimo)
 
Today is the only day. Yesterday is gone.
(John Wooden)
 
In the end, these things matter most: How well did you live? How fully did you love? How deeply did you let go.
(Buddha)

2017-06-22

O Ego





 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 



Pois, o ego.
Quantas teses e teorias não nos têm assolado para anular, eliminar, distanciar, apagar, excluir, enfim, uma panóplia de verbos para dizer que o ego é o inimigo.
Afirmam inclusive que ao invés de nos proteger e apoiar, limita-nos com as suas crenças e culpas.
Ora, isto é de todo verdade.
Contudo, olhemos para o tal sujeito de outra forma. Todos sabemos que não poderíamos viver sem ego, pelo menos nesta realidade que conhecemos; como “o que o que é que fiz ontem” ou “o que é que eu vou fazer amanhã”.
Cá entre nós, é já isto que nos causa sofrimento, mas adiante.
O ego integra um conjunto de funções psíquicas que nos permite o relacionamento com o mundo exterior.
Meditações, exercícios, técnicas existem às centenas para elevar o nível espiritual e desintegrar o ego de vez.
Mas afinal em que ficamos?
 
O ego adora os nossos mecanismos de defesa, adora que duvidemos e ri-se ao deixar-nos confusos e inseguros.
Não parece semelhante a algo que clama atenção? Não parece semelhante a um ser indefeso que, à primeira ameaça ataca ou esconde-se?
Faz-me pensar se estaremos a tentar escapar a um desafio que é nosso. Virar as costas ao ego é ignorar uma tarefa que é da nossa responsabilidade.
 
No entanto, lutar contra o ego é uma guerra perdida.
Debater-nos constantemente com ele é dar-lhe força. Competir com ele é dar-lhe presença. Não aprová-lo é provocá-lo. Não o aceitar é alimentá-lo.
Abraçá-lo, portanto, é fazer com que se renda, e é nesta rendição que ele se vai diluindo.
Pois! Cabe a nós abrir os olhos, respirar, observar e respirar outra vez.
E logo no primeiro instante que acorda de manhã, quando ele acorda também, respire fundo e sorria. Desfrute o seu dia.
Não é  preciso estar no passado, nem é preciso estar no futuro.
Desfrute a vida com confiança e ame-se na sua totalidade. Tudo faz parte de si. É isto que nos torna o fantástico ser que somos.
 

 
 
 
 
 
 
 
 

 
You give birth to that on which you fix your mind.
(Antoine de Saint Exupery)
 
Experience is not what happens, but what we do with what happens.
(Aldous Huxley)
 
A man should look for what it is, and not for what he thinks should be.
(Albert Einstein)

2017-06-21

Solstício Verão 2017





 
 
 
 
 
 
 
 
Estamos numa fase particular e sensível. E porque este é um assunto que viaja um pouco pelo cosmos, vamos nós então fazê-lo também.
Esta madrugada será o solstício de verão, o início de uma estação adorada por muitos.
Confesso ser um deles.
É então o dia mais longo do ano, perfazendo um total aproximado de 15 horas de luz em Portugal.
 
Inúmeros rituais, escritos e tradições têm este dia como um dia de introspecção e adoração ao sol.
Pudera, o que seriamos nós sem ele? O que seria a realidade sem luz?
Esta mudança pode ser vista simbolicamente como um desafio de transmutação, um momento para uma viagem interior profunda.
Talvez um pouco mais, dada a intensidade com que o sistema solar, as galáxias e o universo se estão a expandir.
Assim, se considera que tudo está um pouco confuso, sem nexo ou mesmo sem sentido; se se apercebe, mesmo a nível físico, de um desassossego presente, então respire fundo, contemple somente por contemplar…e apanhe sol.

Entre a desordem e a organização, existe um ponto fundamental – o movimento.
Deixe-se ir com ele e desfrute o solstício de verão de 2017.
 
 
 
 
 

 

 

2017-06-09

Felicidade e Sucesso

 
Não faltam cursos, workshops, seminários, literatura, apps, treinos, enfim, uma panóplia de ofertas com dicas para sermos felizes e ter sucesso.
Ora, não seria de esperar que andássemos todos aí em alegria plena?
Pelo contrário, falo com as pessoas e elas próprias confessam andar confusas.
Por um lado, temos estas transformações planetárias, tanto físicas, químicas, biológicas, como ainda geológicas e emocionais. Sem falar nas políticas organizacionais e dos estados.
Mas este não é aqui o objecto.
Voltemos à felicidade e ao sucesso.

Cada vez aprendemos mais, sabemos mais e experienciamos mais.
Ouvir sobre pensamento positivo e atitude positiva é o prato dia. E na verdade, comprámos tudo isto.
Sentimo-nos mais felizes?
É a velha história, podemos saber como fazer, mas fazemos?
Sabemos que pessoas felizes têm mais rendimento na vida, mais oportunidades e mais sucesso. Está escrito nas melhores revistas do mundo, escritas pelos maiores experts do mundo, vendidas em dezenas de países do mundo, que a felicidade precede o sucesso.
No entanto, andamos por aí atrás da cenourinha à procura de sucesso.
Acordem para a vida!

Quando andamos à procura de sucesso para encontrar a felicidade, estamos num estado completamente obtuso.
Não é o sucesso que traz a felicidade, pelo contrário, é com a felicidade que encontramos o sucesso. Melhor ainda, a felicidade é o sucesso.
É fundamental invertermos a linha do nosso pensamento para perceber com clareza o verdadeiro sentido da vida.

Com que recursos?
Já há uma certeza entre todos os ramos da ciência, e trata-se de que tudo é energia.
As pessoas adoptaram uma expressão, obtusa também, de que por vezes estão sem energia.
É como olhar para o oceano e dizer que ele está sem água.
Estamos a milhas de distância de perceber o mundo, e pior ainda, de nos percebermos a nós próprios.
Por isso, vamos lá reeditar este registo e compreender que tudo é energia!

Então porque sentem que não têm energia?
Simples! Na procura de sucesso e felicidade, os bits de informação que passam nas células contêm a referência de que não se tem felicidade nem sucesso. Dado que o cérebro processa a informação integrando-a no processamento de biomoléculas formadas por aminoácidos que por sua vez entram no processamento das proteínas, e uma série de coisas complexas que saem da massa cinzenta para percorrer todo o fluxo do corpo, acabamos por informar a nós mesmos que não estamos bem, resultando em um obstáculo incómodo que bloqueia a energia de que somos feitos.
Todo o pulsar do nosso corpo vai por aí abaixo.

Ao sairmos da felicidade do agora, interrompemos aquilo que somos de verdade e de repente chegamos aos 90 anos e ainda andamos à procura de felicidade e sucesso…e digamos, bastante cansados.
Cada um de nós faz parte de um todo. Cada um de nós é fantástico e com uma energia que vem desde o início. Viva! Seja feliz agora!



 

 
 
 
 
 
 
  
Tudo o que não for aqui e agora é ilusão.
(Ramana Maharshi)
 
No valid plans for the future can be made by those who have capacity for living now.
(Alan Watts)
 
I’m grateful for always this moment, the now, no matter what form it takes.
(Eckhart Tolle)
 

2017-06-04

O livre arbítrio














Dicionários, websites, dissertações, livros, histórias, falam do livre arbítrio.
De grosso modo, definem o livre arbítrio como a liberdade de escolha, ou melhor, a capacidade de tomar decisões por vontade própria. Por um lado, pode ser considerado uma acção em si, por outro, uma faculdade.
No tema do livre arbítrio entra obrigatoriamente a qualidade responsabilidade, pois não nos podemos alhear dela quando se fala em Liberdade.
E assim correm textos e histórias na busca da verdade sobre como afinal decidimos o nosso destino.
Aprofundando a questão da liberdade de escolha, encontra-se algo engraçado, algo que não é mais que a fonte das nossas decisões, e esta é…a nossa percepção.
Com efeito, os caminhos que escolhemos baseiam-se na perspectiva que temos das alternativas existentes.
Ou não estou a ver bem, ou parece-me que essa capacidade que temos de tomar decisões é na verdade a capacidade que temos de ver nas coisas o que a nossa famosa livre vontade almeja ver.
Este é o verdadeiro livre arbítrio!
Se mudamos a situação?
Perante uma situação, seja ela qual for, é a nossa forma de olhá-la que vai determinar a nossa acção /não acção.
Por isso, quando várias ideologias se chocam ao discutir o nosso poder de mudar o mundo, ou se pelo contrário, estamos destinados aos acontecimentos, parece-me tão fácil juntar as duas visões e encontrar um terceiro ponto.
Por um lado, sabemos bem como tantas coisas podem acontecer sem estarmos de todo à espera. Não é difícil perceber que não controlamos as situações na totalidade. Chamem-lhe imprevistos, se preferirem.
Por outro, somos totalmente responsáveis pela forma como vamos interpretar a situação.
Ou seja, encontramos um novo lugar quando recorremos à intersecção. Percebemos que afinal quando sentimos impotência, frustração, alegria, saudade, e mais tantas emoções, é somente o nosso livre arbítrio a operar. Ele é de facto uma das mais maravilhosas qualidades dos seres humanos, o poder de transformar o mundo só com o olhar.
Porque então andamos chateados com o mundo, manifestando-nos continuamente, sem adicionar nada de valor às nossas vidas?
Usamos esse poder com desdém e ficamos imbuídos em falsos julgamentos. Um problema aparece e nunca mais saímos dali.
Saiam dessa!

Não sei se o universo tem algo destinado para nós. Pensar assim seria polarizar o universo e ele rir-se-ia de mim com certeza.
Além de que, mesmo aqueles que pensam que há um destino marcado, deveriam viver a vida menos preocupados. Não tenho a certeza de que o façam.
No entanto, são milhares de anos de estudos dedicados a esta dialéctica, o que não impede de lançar o desafio para a existência de um campo comum, onde cada um de nós realiza a expressão do mundo.
Observe com calma e aperceba-se de como pode alterar o que está fora.
Diz-se que a vida molda-nos, mas as nossas escolhas definem-nos.
Como olha para a sua vida é da sua inteira responsabilidade.
Desfrute desse poder. Aproveite essa qualidade.









There are three truths, my truth, your truth and the truth.
(Chinese Proverb)
Life is ten percent what happens to you and ninety percent how you respond to it.
(Lou Holtz)
The real voyage of discovery consists not in seeking new landscapes, but in having new eyes.
(Marcel Proust)

2017-06-03

As relações












Grande tema para a polaridade.

Hoje em dia existem várias teorias sobre como nos relacionamos e onde reside a fonte da nossa selectividade. E a que nível opera essa selectividade. Projectamo-nos ou de facto há encontro de consciências, ou ambas?
Não nos alarguemos com questões filosóficas. Amamos, odiamos, esperamos, desesperamos.
Enfim, as relações trazem-nos um conjunto infindável de emoções (polarizadas), familiar a todos nós.
Mas afinal o que procuramos quando nos relacionamos com os outros?
Apaixonamo-nos por aquela pessoa e não pela outra. Sentimo-nos atraídos só num olhar…e não em outro. É fantástico!
Depois vem qualquer coisa que não se ajusta com o que esperamos do outro…e voila, vem a desilusão, muitas vezes acompanhada de intolerância e resistência.

Pois. Gostamos que gostem de nós, e assim vamos alimentando-nos dessa substância essencial por meio do outro. Ora, não é mais eficaz estar com os outros, já bem saciados de amor-próprio?
Se assim for, tudo o que vem a mais é bónus, e desta forma no expectations – no disappointments.
E mais uma vez anulamos a polaridade para viver mais preenchidos e mais verdadeiros.

Não pense no outro como algo separado, onde vai resgatar algo que pensa que perdeu.
Na verdade, você anda à procura de si mesmo. Quando nos agrada que gostem de nós, estamos na verdade a clamar por polaridade. Ora, não vai resultar.

Esperamos o tal ideal que temos em mente, colocando automaticamente um rótulo no que é bom ou mau. Logo de seguida surgem as dúvidas, e questiona-se “o que sente por mim?”, ou seja, é bom gostar? É bom não gostar? É mau? Pois é, estamos outra vez a oscilar. Acabamos por ser obrigados a cair para algum lado.
Ninguém tem de cair!
Afinal, onde está o terceiro ponto?

Ame-se acima de tudo. Tudo o que procura está em si!
Divirta-se, relaciona-se, ame os outros, ria com os outros e ame outra vez!
Seja total nas relações!














I have found that if you love life, life will love you back.
(Arthur Rubinstein)

Do all things with love.
(Og Mandino)

The purpose of our lives is to be happy.
(Dalai Lama)
 

 

2017-06-02

Nós e a polaridade













Na polaridade ficamos deprimidos ou ansiosos. Deprimidos porque estamos no passado. Ansiosos porque estamos no futuro.
Andamos pelo passado e pelo futuro, e no meio disto tudo, perdemos muito tempo.
Ora, não é verdade que a felicidade só existe no agora? Consegue ser feliz amanhã? E ontem?

Pare um pouco! Como olha para a vida? É uma pessoa corajosa e positiva? É alguém que tem pena de si mesmo? Está fora da caixa ou dentro dela?
Pois é, achamos todos que devemos ser os melhores. Ninguém vai querer estar infeliz ao invés de o estar.
Que encargo insistente este! Parece que andamos todos atrás da cenourinha. 
E entretanto corremos nós para uma falsa estabilidade. Pois, porque acabamos por perceber que existe a instabilidade.

Mas de onde vem tudo isto?
Simples - do subconsciente. (Também há o inconsciente, mas não nos vamos alargar agora).
A neurociência já afirmou que 95% do nosso comportamento vem do subconsciente.
É o lugar das lembranças remotas, das estruturas mais profundas, é o lugar onde está tudo o que guardámos numa tentativa de não enfrentar.
E pimba, lá vem a polaridade. Construímos um subconsciente a partir do dia em que olhámos para as coisas como opostos. Desde aí, a engenharia não parou. E é nesta base que acabamos por decider viver a nossa visa, ora para lá, ora para cá, e sem notarmos, tornamo-nos em tudo aquilo que não somos.

Não vale a pena chamar as coisas de boas ou más, ou de considerar as experiências fantásticas ou deseperantes, pois desta forma, estamos polarizados. Tornamo-nos chatos e ficamos cansados.
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Enquanto não se olhar como um ser total, não se está verdadeiramente a viver.
Temos o dia e a noite, o preto e o branco, a inspiração e a expiração, e podia continuar até descrever tudo o que conhecemos, mas na verdade a autenticidade está no terceiro ponto – a totalidade.

É na totalidade que está a verdadeira felicidade.
Seja verdadeiramente feliz :-)
Como diz a frase, não viva fora da caixa, viva como se não houvesse caixa.















There is nothing either good or bad, but thinking makes it so.
(William Shakespeare)

If you want to increase your success rate, double your failure rate.
(Thomas J. Watson)

Não coma a vida com garfo e faca. Lambuze-se.
(Roberto Shinyashiki)