“Chega um dia em que se o homem não deixar tudo para trás, não vai para a frente.”
(Micitaus do Issas)
“Dois monges caminhavam em silêncio pelas margens do rio perto do mosteiro onde habitavam. Tinham em comum um voto de castidade, o qual determinava que não podiam falar ou tocar numa mulher.
Numa das suas caminhadas, viram uma mulher desesperada, que tentava atravessar o rio, cuja corrente mostrava-se forte naquele dia.
Um dos monges aproximou-se e ofereceu a sua ajuda, ao que ela aceitou.
Ele levantou-a nos braços e atravessou com ela o rio, deixando-a do outro lado.
Voltou então para perto do seu companheiro e prosseguiram o seu caminho em silêncio.
Após duas horas, o outro monge disse: “Eu não posso acreditar que ajudaste aquela mulher a cruzar o rio! Eu não posso acreditar que tocaste nela! Quebraste os teus votos…” e continuou a reclamar.
O monge ouviu o seu companheiro em silêncio. Olhou para ele e disse-lhe: “Eu deixei-a há duas horas atrás e és tu que ainda a trazes ao colo.”
O ser humano aprende (como é bom aprender!), ao mesmo tempo que almeja por silêncio mental, tranquilidade emocional e paz no coração. Simultaneamente, guarda todas as memórias, assuntos, discussões, tristezas, como se fossem frasquinhos de cristal no armário lá de casa, que por sinal nunca chegam a ser necessários.
É a famosa “bagagem”. E é aqui que se inicia o processo de desaprender.
Há a famosa citação de Mark Twain: “Tive muitos problemas na vida, a maioria dos quais não aconteceu.”
Esta semana li uma frase idêntica
– as situações difíceis são sempre menores quando vividas do que quando
pensadas.
Acomodam-se e armazenam-se concepções,
que não são mais que uma das muitas interpretações possíveis de uma mesma
situação, e nada fazem com que se veja outra perspectiva, pois juramos a pés
juntos que foi assim que ocorreu.
Paralelamente, adquirimos
normas que nos ensinam a dizer “Pois, eu sou assim…”, quando na verdade nada
daquilo nos pertence. Pelo contrário, corrompe a nossa essência, a nossa
verdadeira identidade.
Abrigam-se juízos, vindos de
imposições alheias, que aos olhos do sentimento de culpa, só nos resta acolhê-los,
não vão eles montar a tenda por perto.
Constroem-se crenças de uma simples
rejeição e pensa-se que afinal o mundo está contra nós, mas parece sempre ser mais
confortável viver assim. Pelo menos, evitam-se possíveis confrontações, com o
próprio, claro!
E com isto, já se leva um
grande avanço nos ratings da carga desnecessária da vida.
Desaprender é viver cada
momento, aprender coisas novas e deixar as coisas no seu lugar. O único
conhecimento é a experiência. Se não me engano, é uma verdade transversal a
todos os pensamentos existentes desde o princípio dos tempos.
Desaprenda! Passa a ser uma vida diferente, acredite!
Se quer mesmo ser feliz vai
ter de aprender a ignorar muita coisa.
(Anónimo)
Today is the only day. Yesterday is gone.
(John Wooden)
In the end, these things matter most: How well did you live? How fully
did you love? How deeply did you let go.
(Buddha)