2017-11-23

O consumismo














Não bastava a data de Natal. Agora temos a abertura oficial das compras de Natal – o Black Friday está em todo o lado, tenhamos paciência.
Nunca os reis magos sonharam como iriam mudar o mundo aquando das oferendas a Cristo.
 
Diz-se que Jesus não nasceu em Dezembro, mas sim em Março.
Assumindo-me como leiga nos detalhes desta história, arrisco-me a fazer referência a alguns autores, estes sim estudaram o suficiente para afirmar que o nascimento de Cristo foi astutamente colocado no solstício de inverno, evento comemorado desde há milénios e que movia naquela época a verdadeira celebração da vida.
 
No entanto, aqui estamos nós às voltas com o Natal e tudo o que ele se tornou na nossa sociedade.
Não desfazendo o espírito, que segundo muitos é uma hipocrisia, ou outros que alegam que mais vale um dia no ano que nenhum, pretendo somente mencionar sobre o júbilo ilusório na propensão do consumo.
Isto porque testemunhei uma multidão em fúria no primeiro dia dos descontos nas grandes superfícies. Aquilo não era de todo seres humanos, nem tão pouco feras selvagens…estas só procuram o que necessitam.
 
Não é minha intenção depreciar o labor de milhões de pessoas, ou mesmo a complexa rede da economia e a necessidade de produção em prole de uma sociedade social e financeiramente estável.
Sim, todos sabemos que se produz em demasia, pois consome-se em demasia.
 
O que apraz ser importante nesta altura é uma consciência do que é fundamental nas nossas vidas.
O conforto e o gozo fazem sem dúvida parte de uma vida sã, no entanto só o cumprem no seu próprio equilíbrio.
 
A questão não está nos gastos excessivos ou na falta deles. O que importa é estarmos bem com o que fazemos. Não há aparências nem expectativas. Não há danos morais nem monetários.
E não há o comentário habitual “já não posso ver mais comida à frente.” (é um insulto).
 
Não me revolto com o sistema, pois é o universo que está no comando. Não almejo mudar a economia dos estados e as ganâncias que se escondem por detrás.
Quem convive com a sua consciência mais profunda, sabe no íntimo do seu ser que a vida é experiência e por aí adiante.
 
No entanto, posso ser alheia ao marketing agressivo, à panóplia de estímulos comerciais quando caminho na rua e ao movimento frenético das pessoas.
Há muito consumo e há muito desperdício, ou lixo, para ser mais clara.
 
Vivamos na abundância que nos faz feliz, com certeza, mas para isso não é preciso agitar o mundo desta forma.
 
 
 

We are not rich by what we possess but by what we can do without.
(Immanuel Kant)
 
Abundance is not something we acquire. It is something we tune into.
(Wayne Dyer)
 
Whenever you find yourself on the side of the majority, it is time to pause and reflect.
(Mark Twain)

2017-11-13

Momentos...


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Falamos comumente em problemas e a partir deles procuramos soluções…e mantemo-nos na ilusão da separação.
Não existem problemas, não existem soluções.
A existência das coisas é ela mesma um movimento ilusório do nosso cérebro, aprisionado por ideias criadas fora de nós, alegando que são para nós.
 
A realidade, comprovadamente enganosa no que concerne à forma, é-nos debitada através de infinitos cálculos moleculares, via de uma função graciosa de troca entre elementos microscópicos, mas suficiente para podermos enxergar o que nos rodeia.
No entanto, e já dizia o escritor – só se vê bem com o coração – e não posso ser alheia a esta sentença, já que aproxima-se singularmente daquilo que a minha intuição pretende espelhar, ela também um pouco singular, dado que percebe distraidamente a verdadeira realidade das coisas.
 
Não existem problemas, não existem soluções…remeto-me humildemente ao início, almejando o encontro da unidade, desfazendo antónimos em prole de uma aspiração de vida.
Nada é premente sem que o seu centro seja o eixo efectivo, a convergência divina da polaridade. Para ela, inclino-me com reverência, e assumo com respeito os meus próprios erros, tão humanos quanto aos dos humanos. Contudo, é para mim positivamente esmagador a consciência de que nada é verdadeiro às portas da dualidade, mesmo ludibriada por um cenário que à partida parece um só.
 
Arrisco-me a firmar a existência como algo que só é possível a partir da sua fonte, e esta é indubitavelmente, não o verso, não o reverso, não a unidade, não o conjunto, não o Eu, não o Tu…o que nos remete quase por brincadeira a 15.6 biliões de anos atrás, onde de facto o Nada é Tudo.
 
A existência passa assim a ser uma única, onde dentro dela, se quisermos, reside o que falaciosamente chamamos de problema e solução. Prefiro então, mesmo incapaz de desenredar-me do artifício gramatical, sujeita obviamente a denominações mentais, a maior parte inconsciente, aludir aos prefixos da língua, tornando a existência em coexistência e fazer desta última o meu preceito.