Falamos comumente em
problemas e a partir deles procuramos soluções…e mantemo-nos na ilusão da
separação.
Não existem problemas, não
existem soluções.
A existência das coisas é
ela mesma um movimento ilusório do nosso cérebro, aprisionado por ideias criadas
fora de nós, alegando que são para nós.
A realidade, comprovadamente
enganosa no que concerne à forma, é-nos debitada através de infinitos cálculos
moleculares, via de uma função graciosa de troca entre elementos microscópicos,
mas suficiente para podermos enxergar o que nos rodeia.
No entanto, e já dizia o
escritor – só se vê bem com o coração – e não posso ser alheia a esta sentença,
já que aproxima-se singularmente daquilo que a minha intuição pretende
espelhar, ela também um pouco singular, dado que percebe distraidamente a
verdadeira realidade das coisas.
Não existem problemas, não
existem soluções…remeto-me humildemente ao início, almejando o encontro da
unidade, desfazendo antónimos em prole de uma aspiração de vida.
Nada é premente sem que o
seu centro seja o eixo efectivo, a convergência divina da polaridade. Para ela,
inclino-me com reverência, e assumo com respeito os meus próprios erros, tão
humanos quanto aos dos humanos. Contudo, é para mim positivamente esmagador a
consciência de que nada é verdadeiro às portas da dualidade, mesmo ludibriada
por um cenário que à partida parece um só.
Arrisco-me a firmar a
existência como algo que só é possível a partir da sua fonte, e esta é
indubitavelmente, não o verso, não o reverso, não a unidade, não o conjunto,
não o Eu, não o Tu…o que nos remete quase por brincadeira a 15.6 biliões de
anos atrás, onde de facto o Nada é Tudo.
A existência passa assim a
ser uma única, onde dentro dela, se quisermos, reside o que falaciosamente
chamamos de problema e solução. Prefiro então, mesmo incapaz de desenredar-me
do artifício gramatical, sujeita obviamente a denominações mentais, a maior
parte inconsciente, aludir aos prefixos da língua, tornando a existência em
coexistência e fazer desta última o meu preceito.
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