Termo completamente
difundido e enraizado no nosso vocabulário.
Primariamente, o stress é
uma resposta física.
Era ele que protegia as
tribos dos ataques exteriores. Quando um animal se aproximava, convinha
responder com rapidez. De contrário…
O corpo deteta o eventual
ataque e liga para o modo de luta ou foge.
Pois, a questão é que nos
dias de hoje, dispara-se por tudo e por nada, e entra-se em modo de stress
facilmente, quando na verdade, na maioria das vezes, ou mesmo em todas, não se
trata absolutamente de uma questão de vida ou morte.
Qualquer pessoa pode sentir
stress antes de fazer um teste, desempenhar um papel de responsabilidade, ou mesmo
senti-lo em situações de alto desempenho. Todas estas situações, dificilmente
de vida ou morte, são executadas num estado de maior alerta, foco e força, o
que faz com que o stress possa apoiar naquele momento exato.
Mudar de cidade ou vivenciar
uma separação dolorosa, podem também ativar uma resposta de stress, e muitas
vezes, este tipo de stress torna-se bastante prolongado.
Para quem é seguidor de
comida saudável, comer um hamburger causará stress, para quem está a tentar
perder peso, comer doces causará stress, para quem é disciplinado com o
exercício, não o fazer causará stress. O trânsito causa stress. A reunião que
está atrasada causa stress. Enfim, não é necessário listar todas as situações.
Mas afinal, qual a medida de
stress apropriada?
De acordo com estudos
recentes sobre a origem dos problemas comuns das pessoas, particularmente os
problemas de saúde, existe uma concordância de que 95% dos nossos males vem do
stress. E referem a saúde, os relacionamentos, a carreira e as questões
financeiras.
Para perceber isto, basta
relembrar que a nossa realidade reflete quem somos.
Mas como funciona?
Tudo começa no Sistema
Nervoso.
No sistema Nervoso Autónomo,
encontra-se o Sistema Nervoso Parassimpático, de grosso modo encarregue do
crescimento, da cura e da manutenção; e o Sistema Nervoso Simpático, programado
para ser usado com menos frequência, é o sistema do luta ou foge, destina-se a salvar a vida a qualquer momento. Dito
de outra forma, o Simpático acelera as coisas, o Parassimpático abranda as
coisas.
Dando um salto de gigante e
passando à frente da rede complexa de trocas de informação que acontece, das
qualidades do cérebro mais primário à produção de cortisol e adrenalina, quando
soa o alarme o fluxo do sangue altera-se, deixando de irrigar os órgãos mais
importantes, e de alimentar a parte criativa do cérebro. O que importa é ele correr
para os músculos, garantindo uma resposta rápida do organismo. Para quê gastar
energia a digerir alimentos no estômago, libertar toxinas do fígado, equilibrar
os rins, investir na criatividade, quando está na verdade em causa a
sobrevivência? Ora bolas, o que importa acima de tudo é viver.
E tudo isto é automático.
Aliás, 99% do que está a acontecer no nosso
organismo está a ser feito automaticamente.
Sob uma determinada e muito
específica perspetiva, pode entender-se que o stress é relevante, no entanto
tudo o que é demais…pode causar danos.
E o dano é matreiro pois
ataca o sistema principal – o sistema imunológico. Sim, aquele fantástico,
poderoso e único curador do nosso corpo.
Quando soa o alarme, o
cérebro envia uma mensagem ao sistema imunológico com a informação de desligar. Ora, a função do sistema
imunológico é combater bactérias, vírus, fungos, reparar danos e destruir
células anormais, o que implica uma grande quantidade de energia. Dado o
objetivo final ser salvar a vida naquele momento, tudo o que não é essencial
nos próximos minutos fica desligado.
Como dizem os especialistas,
tudo isto funciona bem se não vivermos continuamente num estado contínuo de
luta ou fuga. De contrário, damos cabo de tudo. Bloqueamos o auto desenvolvimento e adoecemos.
Faz-me recordar uma
investigação que li há alguns anos sobre como os animais geriam o modo de lutar
ou fugir. A grande diferença é que após correrem, esconderem, camuflarem,
atacarem, enfim, uma panóplia de comportamentos numa panóplia de espécies, os
animais descarregam o stress. No minuto seguinte já estão noutra.
Nós, pelo contrário, somos
capazes de ficar anos a pensar no que aconteceu.
Até podemos considerar que,
por ser assim, estamos protegidos caso volte a acontecer, no entanto, já diz a
frase – o ser humano é o único ser que tropeça três vezes na mesma pedra.
A questão é que as nossas
experiências criam memórias, as quais habitam o inconsciente, e este, como já sabemos,
processa informação um milhão de vezes mais que o consciente.
Assim, o que nos causa
stress não são na verdade as situações atuais. Estas são só a ponta do iceberg.
Podemos reclamar da pressão no trabalho, no stress das horas, nos conflitos
stressantes nos relacionamentos, no stress de pagar as contas, no stress da
desilusão e da dor.
O que na verdade causa
stress são as referências que temos relativas às situações, são as crenças que
criámos ao longo da vida, dicionários constantes das nossas vivências de cada dia,
são as memórias que acompanham o modo de que temos de lutar ou fugir, pois no
momento em que interpretamos a situação, recuamos, mesmo sem querer, à
significação, atributo com que aprendemos a relacionar-nos com o mundo. E na
verdade o que carregamos não é a situação em si, mas a forma como a vivemos e
interiorizámos. E levamo-la para o resto da nossa vida, como um comando das
nossas ações. Os resultados passam no final para o plano físico, os nossos
sistemas reclamam espaço, e nós completamente a leste sobre o que está a
acontecer, penamos.
É altura de respirar fundo…
Fomos presenteados com esta
fabulosa organização de controle e proteção do corpo, capaz de executar trocas
tão funcionais como perfeitas. A sabedoria intrínseca, não só do sistema
nervoso, como de todos os sistemas que se interligam inteligentemente
para a nossa sobrevivência, é universal e comum a tudo o que existe em
movimento.
Se existem processos mais
difíceis de gerir, não é por isso que são impossíveis.
Somos donos do nosso corpo,
os milhões de bits de informação que passam pelas nossas células são produzidos
por nós. Estamos ligados a tudo o que existe através de um campo de força que
ainda hoje não entendemos muito bem. Relacionamo-nos com o mundo, e a forma
como o olhamos é da nossa inteira responsabilidade.
Se carregamos todas as
memórias de todos os tempos, só podíamos mesmo ter de carregar as nossas experiências.
Se dentro de nós, no mais profundo da nossa entidade residem formas e significados
que se foram massificando à nossa essência, e que nos fazem acreditar que
devemos lutar ou fugir, então talvez seja nossa tarefa transformá-los e
encontrar uma proporcionalidade que faça sentido no nosso coração.
There is no fixed physical reality, no single perception of the world,
just numerous ways of interpreting world views as dictated by one's nervous
system and the specific environment of our planetary existence.
(Deepak Chopra)
The truth is that there is no actual stress or anxiety in the world;
it's your thoughts that create these false beliefs. You can't package stress,
touch it, or see it. There are only people engaged in stressful thinking.
(Wayne Dyer)
Your belief creates the fact.
(James Allen)