2018-03-11

O Stress


Termo completamente difundido e enraizado no nosso vocabulário.
Primariamente, o stress é uma resposta física.
Era ele que protegia as tribos dos ataques exteriores. Quando um animal se aproximava, convinha responder com rapidez. De contrário…
O corpo deteta o eventual ataque e liga para o modo de luta ou foge.

Pois, a questão é que nos dias de hoje, dispara-se por tudo e por nada, e entra-se em modo de stress facilmente, quando na verdade, na maioria das vezes, ou mesmo em todas, não se trata absolutamente de uma questão de vida ou morte.

Qualquer pessoa pode sentir stress antes de fazer um teste, desempenhar um papel de responsabilidade, ou mesmo senti-lo em situações de alto desempenho. Todas estas situações, dificilmente de vida ou morte, são executadas num estado de maior alerta, foco e força, o que faz com que o stress possa apoiar naquele momento exato.

Mudar de cidade ou vivenciar uma separação dolorosa, podem também ativar uma resposta de stress, e muitas vezes, este tipo de stress torna-se bastante prolongado.
Para quem é seguidor de comida saudável, comer um hamburger causará stress, para quem está a tentar perder peso, comer doces causará stress, para quem é disciplinado com o exercício, não o fazer causará stress. O trânsito causa stress. A reunião que está atrasada causa stress. Enfim, não é necessário listar todas as situações.

Mas afinal, qual a medida de stress apropriada?
De acordo com estudos recentes sobre a origem dos problemas comuns das pessoas, particularmente os problemas de saúde, existe uma concordância de que 95% dos nossos males vem do stress. E referem a saúde, os relacionamentos, a carreira e as questões financeiras.
Para perceber isto, basta relembrar que a nossa realidade reflete quem somos.

Mas como funciona?

Tudo começa no Sistema Nervoso.
No sistema Nervoso Autónomo, encontra-se o Sistema Nervoso Parassimpático, de grosso modo encarregue do crescimento, da cura e da manutenção; e o Sistema Nervoso Simpático, programado para ser usado com menos frequência, é o sistema do luta ou foge, destina-se a salvar a vida a qualquer momento. Dito de outra forma, o Simpático acelera as coisas, o Parassimpático abranda as coisas.

Dando um salto de gigante e passando à frente da rede complexa de trocas de informação que acontece, das qualidades do cérebro mais primário à produção de cortisol e adrenalina, quando soa o alarme o fluxo do sangue altera-se, deixando de irrigar os órgãos mais importantes, e de alimentar a parte criativa do cérebro. O que importa é ele correr para os músculos, garantindo uma resposta rápida do organismo. Para quê gastar energia a digerir alimentos no estômago, libertar toxinas do fígado, equilibrar os rins, investir na criatividade, quando está na verdade em causa a sobrevivência? Ora bolas, o que importa acima de tudo é viver.

E tudo isto é automático. Aliás, 99% do que está a acontecer no nosso organismo está a ser feito automaticamente.
Sob uma determinada e muito específica perspetiva, pode entender-se que o stress é relevante, no entanto tudo o que é demais…pode causar danos.
E o dano é matreiro pois ataca o sistema principal – o sistema imunológico. Sim, aquele fantástico, poderoso e único curador do nosso corpo.
Quando soa o alarme, o cérebro envia uma mensagem ao sistema imunológico com a informação de desligar. Ora, a função do sistema imunológico é combater bactérias, vírus, fungos, reparar danos e destruir células anormais, o que implica uma grande quantidade de energia. Dado o objetivo final ser salvar a vida naquele momento, tudo o que não é essencial nos próximos minutos fica desligado.

Como dizem os especialistas, tudo isto funciona bem se não vivermos continuamente num estado contínuo de luta ou fuga. De contrário, damos cabo de tudo. Bloqueamos o auto desenvolvimento e adoecemos.

Faz-me recordar uma investigação que li há alguns anos sobre como os animais geriam o modo de lutar ou fugir. A grande diferença é que após correrem, esconderem, camuflarem, atacarem, enfim, uma panóplia de comportamentos numa panóplia de espécies, os animais descarregam o stress. No minuto seguinte já estão noutra.
Nós, pelo contrário, somos capazes de ficar anos a pensar no que aconteceu.
Até podemos considerar que, por ser assim, estamos protegidos caso volte a acontecer, no entanto, já diz a frase – o ser humano é o único ser que tropeça três vezes na mesma pedra.
A questão é que as nossas experiências criam memórias, as quais habitam o inconsciente, e este, como já sabemos, processa informação um milhão de vezes mais que o consciente.
Assim, o que nos causa stress não são na verdade as situações atuais. Estas são só a ponta do iceberg. Podemos reclamar da pressão no trabalho, no stress das horas, nos conflitos stressantes nos relacionamentos, no stress de pagar as contas, no stress da desilusão e da dor.

O que na verdade causa stress são as referências que temos relativas às situações, são as crenças que criámos ao longo da vida, dicionários constantes das nossas vivências de cada dia, são as memórias que acompanham o modo de que temos de lutar ou fugir, pois no momento em que interpretamos a situação, recuamos, mesmo sem querer, à significação, atributo com que aprendemos a relacionar-nos com o mundo. E na verdade o que carregamos não é a situação em si, mas a forma como a vivemos e interiorizámos. E levamo-la para o resto da nossa vida, como um comando das nossas ações. Os resultados passam no final para o plano físico, os nossos sistemas reclamam espaço, e nós completamente a leste sobre o que está a acontecer, penamos.
É altura de respirar fundo…  














Fomos presenteados com esta fabulosa organização de controle e proteção do corpo, capaz de executar trocas tão funcionais como perfeitas. A sabedoria intrínseca, não só do sistema nervoso, como de todos os sistemas que se interligam inteligentemente para a nossa sobrevivência, é universal e comum a tudo o que existe em movimento.
Se existem processos mais difíceis de gerir, não é por isso que são impossíveis.
Somos donos do nosso corpo, os milhões de bits de informação que passam pelas nossas células são produzidos por nós. Estamos ligados a tudo o que existe através de um campo de força que ainda hoje não entendemos muito bem. Relacionamo-nos com o mundo, e a forma como o olhamos é da nossa inteira responsabilidade. 

Se carregamos todas as memórias de todos os tempos, só podíamos mesmo ter de carregar as nossas experiências. Se dentro de nós, no mais profundo da nossa entidade residem formas e significados que se foram massificando à nossa essência, e que nos fazem acreditar que devemos lutar ou fugir, então talvez seja nossa tarefa transformá-los e encontrar uma proporcionalidade que faça sentido no nosso coração.



  






There is no fixed physical reality, no single perception of the world, just numerous ways of interpreting world views as dictated by one's nervous system and the specific environment of our planetary existence.
(Deepak Chopra)

The truth is that there is no actual stress or anxiety in the world; it's your thoughts that create these false beliefs. You can't package stress, touch it, or see it. There are only people engaged in stressful thinking.
(Wayne Dyer)

Your belief creates the fact.
(James Allen)

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