2019-12-07

Olhar

















É curioso como tem vindo a evoluir o nosso olhar sobre as coisas.

Olhámos o céu, escondemo-nos em cavernas, explorámos territórios, encontrámos algumas leis da natureza e fomos até ao centro do átomo.

Pintámos a natureza, edificámos estruturas, construímos transportes e, até agora, fomos até aos zeros e uns.

O olhar inspirou poetas, descobridores, aventureiros, curiosos e filósofos.

O instinto humano de percorrer o mundo está ligado ao olhar. Olhar o novo, o diferente, o ambicionado e, por fim, experimentar.

Na verdade, apesar de sabermos actualmente que não é o olho que vê, mas sim o cérebro, não comentamos um pôr do sol sem a possibilidade de o admirar.

Não pretendo aqui referir sobre a não realidade das coisas, tão subtilmente mascarada pela nosso sentido da visão. Pretendo sim declarar a importância de um movimento salutar para os nossos olhos.

Refiro-me aos telemóveis. Ora, não é inédito para ninguém o assunto sobre o abuso na sua utilização no dia-a-dia das pessoas. É uma realidade presente para todos. Para aqueles que se movimentam em cidades sobrepopuladas, com agitação constante, nos transportes, nas ruas, nos cafés, enfim, é vincadamente notória a tendência cada vez maior de manter o olhar baixo.
















Falo da questão de  como o cérebro se comporta quando se passa muito tempo a olhar para baixo.
A ciência de facto já explicou que, não só um cérebro feliz estimula a actividade física, como a actividade física estimula um cérebro feliz.

Quando os nossos olhos estão muito tempo a olhar para baixo, a informação processada no cérebro é, de grosso modo, de que a pessoa está triste ou deprimida. E é esta a resposta neurológica que vai acontecer, através da produção de substâncias que trazem essa informação para todas as células do corpo. Isto por existir um comportamento continuado.

Num dia normal, acabamos por não ver nada daquilo que foi efectivamente o nosso dia, para vermos somente o que se passava no telemóvel. Além de que se reduz astronomicamente o tempo que passamos a olhar para longe, exercício tão importante aos olhos.

Nada contra estes aparelhos. A sua utilidade está comprovada. Contudo, se ouvimos dizer que há cada vez mais depressões ou mesmo que as pessoas andam todas loucas, não deixa de ser pertinente colocar esta variável na equação.

O espaço é uma benção. É o fluxo mágico do universo, o equilíbrio perfeito dentro de uma complexidade que talvez nunca consigamos entender. A verdade é que esta é a nossa grande oportunidade de olhar para cima e ver que o mundo é muito maior do que podemos considerar. Limitar-nos a olhar para baixo é uma opção, mas não é um caminho, metaforica e literalmente falando.
















Far away there in the sunshine are my highest aspirations. I may not reach them, but I can look up and see their beauty, believe in them, and try to follow where they lead.
(Louisa May Alcott)

I just think that humans were created to look upward.
(Catherine Hicks)

Keep looking up. That’s the secret of life.
(Snoopy)

2019-10-30

(Ps)ecologia







Cuidar dos recursos, preservar terrenos e espécies, respeitar as leis da mudança, da integração e da adaptação é, e sempre foi, fundamental.

No entanto, não se trata de repetir tantas coisas que já sabemos sobre o ambiente. Poluímos com os plásticos, CO2, óleos, lixo. Desbastamos milhares de quilómetros quadrados e utilizamos os oceanos e, atualmente, o espaço, para despejar aquilo que já não nos interessa. Há ainda a radiação que aumenta exponencialmente, fruto da evolução tecnológica, e que é uma poluição invisível.
Apesar do tema render milhões a nível mundial, não sejamos fatídicos. A nossa responsabilidade é fazer o melhor que sabemos.

Porém, há um lugar deste cenário onde podemos realmente fazer mossa.
Falo da Psecologia.

Sendo a ecologia a relação entre os seres vivos e o meio ambiente, mais recentemente ao abrigo de modelos ecológicos, a Psecologia passa a ser a relação da consciência do indíviduo com o seu corpo e, por sua vez, com o planeta. Ora, para preservar esta relação, na verdade é necessário manter mens sana corpus sana.

Se as emoções formam moléculas com uma determinada vibração, não será óbvio pensar que se um indivíduo se sente bem consigo mesmo, afetará obviamente a sua estrutura física? Pois sim! Mas atenção,  não se trata do comportamento, vai para além de uma simples atitude. Trata-se de uma conexão e sintonia entre o coração, a pessoa e o planeta.

Dito de outra forma, a frustração, raiva, agressividade, ganância, medo, insegurança são emoções contraproducentes para o indivíduo, mas são também fortes poluidores do nosso ambiente. Esta perspectiva é igualmente essencial para o equilíbrio dos sistemas físicos.





A Terra formou-se há 4.56 biliões de anos. A vida surgiu 1 bilião de anos depois. No seu interior, uma força de calor brutal faz gerar um campo eletro-magnético, forte o suficiente para afastar os ventos e radiações solares, o que a torna ainda mais poderosa.

Devemos com certeza manter limpo e são o ambiente onde vivemos. Contudo, precisamos perder a ideia arrojada de que devemos salvar o planeta.
O planeta é mais forte do que todas as pessoas juntas, um pouco mais velho e, parece-me, mais dominante também.

Respeitar a força do planeta é ligar o nosso coração ao seu coração. É respirar fundo, estar em paz. Desta forma, alinham-se todas as frequências e aqui não há poluição.

Limpemos os nossos pensamentos. Não estejamos contra, não estejamos a favor. Sejamos a força que naturalmente é cada pessoa. A natureza, o nosso corpo e a nossa consciência vêm do mesmo lugar, e é neste lugar que preservamos o que de melhor existe – a vida.

Esta é uma função em que ninguém precisa de ficar à espera de alguém para fazer alguma coisa.
É feita aqui e agora, dentro de nós. Tudo o que for feito a seguir, só pode ser bom!

E aqui o planeta agradece.



Keep close to Nature's heart... and break clear away, once in a while, and climb a mountain or spend a week in the woods. Wash your spirit clean.
(John Muir)

I did not become a vegetarian for my health, I did it for the health of the chickens.
(Isaac Bashevis Singer)

Much of the debate over global warming is predicated on fear, rather than science.
(Jim Inhofe)


2019-08-07

A data de nascimento




















Quantas interpretações e análises são feitas a partir da nossa data de nascimento…

Desde a astrologia, numerologia, desenho humano, kin, feng dhui, enfim, são bastantes as técnicas de procura e encontro com o nosso ser e com a nossa vida.

Contudo, custa-me a crer que uma data de nascimento determine uma personalidade, os seus medos, os seus conflitos, as suas vitórias, as suas experiências e a sua existência.
É verdade que todas as correntes, de um modo geral, sublinham que há um papel do indivíduo no cumprimento ou incumprimento das interpretações. Mas não é isto que importa neste tema. Não irei mergulhar no assunto sobre se há ou não um destino ou sobre as suas possíveis previsões. Nada disto!













Cada vez mais ouvimos teorias sobre a relação entre nós e o o cosmos. Aliás, fazemos parte dele. É óbvio que tem de nos influenciar. Bom, influenciar não é a palavra correcta. Há sim uma partilha de energia dentro de um movimento veloz demais para nos darmos conta, e cujo conjunto mantém esta estabilidade que observamos.

Assim, não posso de todo negar que, no momento em que uma nova forma de vida surge de um conjunto de outras formas de vida, não se estabeleça uma ligação com o alinhamento das estrelas.

Então, em que ficamos?

Simples! Essa ligação é anterior ao nascimento. É a consciência – a nossa energia na sua essência – que vai determinar a nossa data de nascimento, e não o contrário. 
Quer queramos quer não, vimos do mesmo lugar que tudo o que existe. Não começamos quando nascemos. Nada se cria, tudo se transforma, certo?

Com efeito, os números refletem um mundo que parece ser invisível, mas que comanda as tropasSomos uma ferramenta de equilíbrio em todo o universo, cada pessoa, cada grão de areia, cada partícula.

Se nasci no dia d, mês m, ano a, hora h e minuto m, então é porque a minha essência partilhava da mesma essência que o cosmos. É naquele momento que inicia um novo processo. É a energia que define a manifestação, e não o contrário.

Se o homem tem vindo a estudar os céus, as ideias, as conjunturas e as observações, então aproveitemos o seu conhecimento e engajemo-nos, ocasionalmente, com uma interpretação que, ao fazer sentido para nós, pode abrir novos olhares.

No entanto, há qualquer coisa maior, e ela é somente o facto de que fazemos parte do tudo e do nada, logo, somos nós que guardamos a equação que define o momento em que nascemos, provavelmente de tudo o resto também, contudo só a primeira basta para confiar no processo.

















There was a star danced, and under that was I born.
(William Shakespeare)

The two most important days in your life are the day you are born and the day you find out why.
(Mark Twain)

My life is a simple thing that would interest no one. It is a known fact that I was born, and that is all that is necessary.
(Albert Einstein)

2019-03-03

Deus















Ensinaram-nos que Deus está no céu.
…e ainda hoje olhamos para o céu quando falamos com Deus.
Porque temos de localizar Deus em algum lugar?
Enfim, porque criámos Deus?

À parte das origens do conceito de Criador, provavelmente em uma qualquer noite onde o primeiro homem olhou o céu estrelado e vislumbrou a lua cheia a observá-lo. Ou em dias de tempestade, a ouvir o firmamento estrondar, não sabendo se eventualmente este lhe caía em cima.

Se o homem receou as forças da natureza e criou um Ser que o poderia proteger, porque o criou também para castigar? Pois…o medo, a separação com tudo o resto. O aparecimento do Eu. E a seguir a culpa e a submissão.
Não irei enredar-me em teorias sobre o que transformou a adoração ao desconhecido, milhares de anos atrás, em uma disciplina que alterou todo o curso da história, onde Deus pode castigar, e até isto o homem usar em seu proveito.
























Enfim, seja qual for a conceção, religião, doutrina, corrente, abordagem, posição, ideologia, há sempre um Deus.
Seja realizado pela razão, pela emoção, pelos sentidos, pela penitência ou transcendência, é sempre para chegar a Deus.
Estando fora ou estando dentro, seja um ou sejam muitos, existe sempre Deus.

Como pessoa, não sei responder sobre quem é Deus, o que é Deus ou por onde anda. E para afirmar tal coisa, é porque na verdade estou a conceber eu também a existência de Deus.
Contudo, não é de todo algo superior a mim, nem inferior, nem maior, nem menor, nem mais ou menos importante.

Deus é o que chamamos de nada. Deus está entre as coisas. Deus está entre mim e ti. Deus está entre uma galáxia e a outra galáxia. Deus está entre uma partícula e a outra partícula. Deus é o campo…e o campo é o que permite que tudo exista.
É como dizer que as coisas estão em Deus, e não que Deus está nas coisas.
























God is the tangential point between zero and infinity.
(Alfred Jarry)

God used beautiful mathematics in creating the world.
(Paul Dirac)

One and God make a majority.
(Frederick Douglass)

God is a verb, not a noun.
(R. Buckminster Fuller)

God ever geometrizes.
(Plato)

I believe in Spinoza's God who reveals himself in the orderly harmony of what exists, not in a God who concerns himself with the fates and actions of human beings.
(Albert Einstein)

2019-02-15

Somos feitos de















Durante séculos, achamo-nos o centro do universo.
Hoje sabemos que não somos o centro de nada. Integramos o sistema solar que, habitando a ponta da galáxia, segue o seu caminho pelo espaço a uma velocidade surpreendente.

No entanto, mantém-se em nós humanos um sentimento exagerado de grandeza, agora mais refinado e sofisticado, mas que, na verdade, tem vindo a definir toda a história da humanidade.
Continuamos tontinhos, mesmo após 50.000 anos de existência como hoje nos conhecemos. Continuamos a lutar pelo território e a formar colónias e clãs. Continuamos megalómanos, ao mesmo tempo que continuamos a procurar segurança.

Estamos neste planeta, mas ainda andamos à procura do nosso lugar. Temos a abundância da natureza, mas temos de ter mais ainda para não faltar. Somos um pacote de energia, mas temos medo de morrer.
Quando, na verdade, não somos mais que qualquer outra existência no universo.















Tudo o que que existe vem da mesma fonte, tem a mesma base de composição e a mesma capacidade de manifestação.
Cada átomo origina-se de outro átomo e cada célula origina-se de outra célula.

Somos feitos da mesma coisa que cria o universo. Dentro de nós encontra-se exatamente a mesma substância.
E nas entrelinhas, o passado, presente e futuro coexistem. Desta forma, acreditamos alegremente que há um início e um fim, quando na verdade, o universo revela-se a cada instante, rindo-se das nossas ilusões…e sofisticações.

Desconheço as verdades do universo, seja o que for que isto signifique. O que pressinto é que a ideia de que estamos todos conectados, ou que somos todos um, não faz jus à imensidão da nossa existência.
Somos feitos da mesma substância que as estrelas. Se vemos o universo fora de nós, à distância de onde os recursos permitem, muito mais existirá para além…e nós somos simplesmente tudo isso!

‘Nós somos um meio para o Universo conhecer a si mesmo. Uma parte do nosso ser sabe que essa é a nossa origem. Nós desejamos voltar. E podemos, porque o Cosmos também está dentro de nós. Nós somos feitos de matéria estrelar.’ 
(Carl Sagan)




2019-01-06

O Tempo











"- Olá Deus! Posso fazer-te uma pergunta?
- Claro meu filho. Qual a tua pergunta?
- Deus, o que é para ti um milhão de anos?
- Oh, isso para mim é só um segundo.
- Deus, e o que é para ti um milhão de euros?
- Hahaha, isso para mim é um cêntimo.
- Deus, podes dar-me um cêntimo.
- Claro meu filho, espera só um segundo."

Passamos muito tempo a ouvir que devemos aproveitar o nosso tempo de vida.

Não obstante, poucos são aqueles que entendem efetivamente esta observação.
Partindo do princípio que este universo existe há 15.6 biliões de anos (mais coisa, menos coisa), é válido dizer que 100 anos é nicles.
Atravessamos (de alguma forma que desconheço) esta realidade. E aqui estamos no vislumbre da ilusão, achando que habitamos por estas bandas durante muito tempo, quando o tempo na verdade é uma expressão do instante.
A nossa vida inteira pode ser somente um ínfimo salto na imensidão do nada…Enjoy!










People like us, who believe in physics, know that the distinction between past, present and future is only a stubborn, persistent illusion.
(Albert Einstein)

Space and time are names.
(Siddha Nagarjuna)

Just play. Have fun. Enjoy the game.
(Michael Jordan)