2019-12-31
2019-12-07
Olhar
É curioso como tem vindo a evoluir o nosso olhar sobre as coisas.
Olhámos o céu, escondemo-nos em cavernas, explorámos territórios,
encontrámos algumas leis da natureza e fomos até ao centro do átomo.
Pintámos a natureza, edificámos estruturas, construímos transportes e,
até agora, fomos até aos zeros e uns.
O olhar inspirou poetas, descobridores, aventureiros, curiosos e filósofos.
O instinto humano de percorrer o mundo está ligado ao olhar. Olhar o
novo, o diferente, o ambicionado e, por fim, experimentar.
Na verdade, apesar de sabermos actualmente que não é o olho que vê, mas
sim o cérebro, não comentamos um pôr do sol sem a possibilidade de o admirar.
Não pretendo aqui referir sobre a não realidade das coisas, tão
subtilmente mascarada pela nosso sentido da visão. Pretendo sim declarar a
importância de um movimento salutar para os nossos olhos.
Refiro-me aos telemóveis. Ora, não é inédito para ninguém o assunto
sobre o abuso na sua utilização no dia-a-dia das pessoas. É uma realidade
presente para todos. Para aqueles que se movimentam em cidades sobrepopuladas, com
agitação constante, nos transportes, nas ruas, nos cafés, enfim, é vincadamente
notória a tendência cada vez maior de manter o olhar baixo.
Falo da questão de como o
cérebro se comporta quando se passa muito tempo a olhar para baixo.
A ciência de facto já explicou que, não só um cérebro feliz estimula a
actividade física, como a actividade física estimula um cérebro feliz.
Quando os nossos olhos estão muito tempo a olhar para baixo, a
informação processada no cérebro é, de grosso modo, de que a pessoa está triste
ou deprimida. E é esta a resposta neurológica que vai acontecer, através da
produção de substâncias que trazem essa informação para todas as células do
corpo. Isto por existir um comportamento continuado.
Num dia normal, acabamos por não ver nada daquilo que foi efectivamente
o nosso dia, para vermos somente o que se passava no telemóvel. Além de que se
reduz astronomicamente o tempo que passamos a olhar para longe, exercício tão
importante aos olhos.
Nada contra estes aparelhos. A sua utilidade está comprovada. Contudo,
se ouvimos dizer que há cada vez mais depressões ou mesmo que as pessoas andam todas
loucas, não deixa de ser pertinente
colocar esta variável na equação.
O espaço é uma benção. É o fluxo mágico do universo, o equilíbrio
perfeito dentro de uma complexidade que talvez nunca consigamos entender. A
verdade é que esta é a nossa grande oportunidade de olhar para cima e ver que o
mundo é muito maior do que podemos considerar. Limitar-nos a olhar para baixo é
uma opção, mas não é um caminho, metaforica e literalmente falando.
Far away there in the sunshine are my highest aspirations. I may not
reach them, but I can look up and see their beauty, believe in them, and try to
follow where they lead.
(Louisa May Alcott)
I just think that humans were created to look upward.
(Catherine Hicks)
Keep looking up. That’s the secret of life.
(Snoopy)
2019-10-30
(Ps)ecologia
Cuidar dos recursos, preservar terrenos e espécies, respeitar as leis
da mudança, da integração e da adaptação é, e sempre foi, fundamental.
No entanto, não se trata de repetir tantas coisas que já sabemos sobre
o ambiente. Poluímos com os plásticos, CO2, óleos, lixo. Desbastamos milhares
de quilómetros quadrados e utilizamos os oceanos e, atualmente, o espaço, para
despejar aquilo que já não nos interessa. Há ainda a radiação que aumenta
exponencialmente, fruto da evolução tecnológica, e que é uma poluição
invisível.
Apesar do tema render milhões a nível mundial, não sejamos fatídicos. A
nossa responsabilidade é fazer o melhor que sabemos.
Porém, há um lugar deste cenário onde podemos realmente fazer mossa.
Falo da Psecologia.
Sendo a ecologia a relação entre os seres vivos e o meio ambiente, mais
recentemente ao abrigo de modelos ecológicos, a Psecologia passa a ser a
relação da consciência do indíviduo com o seu corpo e, por sua vez, com o planeta. Ora, para preservar esta
relação, na verdade é necessário manter mens sana corpus sana.
Se as emoções formam moléculas com uma determinada vibração, não será
óbvio pensar que se um indivíduo se sente bem consigo mesmo, afetará obviamente
a sua estrutura física? Pois sim! Mas atenção, não se trata do comportamento, vai para além
de uma simples atitude. Trata-se de uma conexão e sintonia entre o coração, a
pessoa e o planeta.
Dito de outra forma, a frustração, raiva, agressividade, ganância,
medo, insegurança são emoções contraproducentes para o indivíduo, mas são
também fortes poluidores do nosso ambiente. Esta perspectiva é igualmente essencial
para o equilíbrio dos sistemas físicos.
A Terra formou-se há 4.56 biliões de anos. A vida surgiu 1 bilião de
anos depois. No seu interior, uma força de calor brutal faz gerar um campo
eletro-magnético, forte o suficiente para afastar os ventos e radiações
solares, o que a torna ainda mais poderosa.
Devemos com certeza manter limpo e são o ambiente onde vivemos.
Contudo, precisamos perder a ideia arrojada de que devemos salvar o planeta.
O planeta é mais forte do que todas as pessoas juntas, um pouco mais velho e, parece-me, mais dominante também.
Respeitar a força do planeta é ligar o nosso coração ao seu coração. É
respirar fundo, estar em paz. Desta forma, alinham-se todas as frequências e
aqui não há poluição.
Limpemos os nossos pensamentos. Não estejamos contra, não estejamos a
favor. Sejamos a força que naturalmente é cada pessoa. A natureza, o nosso
corpo e a nossa consciência vêm do mesmo lugar, e é neste lugar que preservamos
o que de melhor existe – a vida.
Esta é uma função em que ninguém precisa de ficar à espera de alguém
para fazer alguma coisa.
É feita aqui e agora, dentro de nós. Tudo o que for feito a seguir, só
pode ser bom!
E aqui o planeta agradece.
Keep close to Nature's heart... and break clear away, once in a while,
and climb a mountain or spend a week in the woods. Wash your spirit clean.
(John Muir)
I did not become a vegetarian for my health, I did it for the health of
the chickens.
(Isaac Bashevis Singer)
Much of the debate over global warming is predicated on fear, rather
than science.
(Jim Inhofe)
2019-08-07
A data de nascimento
Desde a astrologia, numerologia, desenho humano, kin, feng dhui, enfim,
são bastantes as técnicas de procura e encontro com o nosso ser e com a nossa vida.
Contudo, custa-me a crer que uma data de nascimento determine uma personalidade,
os seus medos, os seus conflitos, as suas vitórias, as suas experiências e a
sua existência.
É verdade que todas as correntes, de um modo geral, sublinham que há um
papel do indivíduo no cumprimento ou incumprimento das interpretações. Mas não
é isto que importa neste tema. Não irei mergulhar no assunto sobre se há ou não
um destino ou sobre as suas possíveis previsões. Nada disto!
Cada vez mais ouvimos teorias sobre a relação entre nós e o o cosmos. Aliás, fazemos parte dele. É óbvio que tem de nos influenciar. Bom, influenciar não é a palavra correcta. Há sim uma partilha de energia dentro de um movimento veloz demais para nos darmos conta, e cujo conjunto mantém esta estabilidade que observamos.
Assim, não posso de todo negar que, no momento em que uma nova forma de
vida surge de um conjunto de outras formas de vida, não se estabeleça uma
ligação com o alinhamento das estrelas.
Então, em que ficamos?
Simples! Essa ligação é anterior ao nascimento. É a consciência – a nossa energia na sua essência – que vai determinar
a nossa data de nascimento, e não o contrário.
Quer queramos quer não, vimos do mesmo lugar que tudo o que existe. Não começamos quando nascemos. Nada se cria, tudo se transforma, certo?
Quer queramos quer não, vimos do mesmo lugar que tudo o que existe. Não começamos quando nascemos. Nada se cria, tudo se transforma, certo?
Com efeito, os números refletem um mundo que parece ser invisível, mas
que comanda as tropas. Somos uma ferramenta de equilíbrio em todo o universo, cada pessoa,
cada grão de areia, cada partícula.
Se nasci no dia d, mês m, ano a, hora h e minuto m, então é porque a
minha essência partilhava da mesma essência que o cosmos. É naquele momento que
inicia um novo processo. É a energia que define a manifestação, e não o
contrário.
Se o homem tem vindo a estudar os céus, as ideias, as conjunturas e as
observações, então aproveitemos o seu conhecimento e engajemo-nos,
ocasionalmente, com uma interpretação que, ao fazer sentido para nós, pode abrir
novos olhares.
No entanto, há qualquer coisa maior, e ela é somente o facto de
que fazemos parte do tudo e do nada, logo, somos nós que guardamos a equação que define o
momento em que nascemos, provavelmente de tudo o resto também, contudo só a primeira basta para confiar no processo.
There was a star danced, and under that was I born.
(William Shakespeare)
The two most important days in your life are the day you are born and
the day you find out why.
(Mark Twain)
My life is a simple thing that would interest no one. It is a known
fact that I was born, and that is all that is necessary.
(Albert Einstein)
2019-03-03
Deus
Ensinaram-nos que Deus está
no céu.
…e ainda hoje olhamos para o
céu quando falamos com Deus.
Porque temos de localizar
Deus em algum lugar?
Enfim, porque criámos Deus?
À parte das origens do
conceito de Criador, provavelmente em uma qualquer noite onde o primeiro homem
olhou o céu estrelado e vislumbrou a lua cheia a observá-lo. Ou em dias
de tempestade, a ouvir o firmamento estrondar, não sabendo se eventualmente
este lhe caía em cima.
Se o homem receou as forças
da natureza e criou um Ser que o poderia proteger, porque o criou também para
castigar? Pois…o medo, a separação com tudo o resto. O aparecimento do Eu. E a
seguir a culpa e a submissão.
Não irei enredar-me em
teorias sobre o que transformou a adoração ao desconhecido, milhares de anos
atrás, em uma disciplina que alterou todo o curso da história, onde Deus pode
castigar, e até isto o homem usar em seu proveito.
Enfim, seja qual for a conceção, religião, doutrina, corrente, abordagem, posição, ideologia, há sempre um Deus.
Seja realizado pela razão,
pela emoção, pelos sentidos, pela penitência ou transcendência, é sempre para
chegar a Deus.
Estando fora ou estando
dentro, seja um ou sejam muitos, existe sempre Deus.
Como pessoa, não sei responder sobre quem é Deus, o que é Deus ou por onde anda. E para afirmar tal coisa, é porque na verdade estou a conceber eu também a existência de Deus.
Contudo, não é de todo algo
superior a mim, nem inferior, nem maior, nem menor, nem mais ou menos
importante.
Deus é o que chamamos de nada.
Deus está entre as coisas. Deus está entre mim e ti. Deus está entre uma
galáxia e a outra galáxia. Deus está entre uma partícula e a outra partícula. Deus
é o campo…e o campo é o que permite que tudo exista.
É como dizer que as coisas
estão em Deus, e não que Deus está nas coisas.
God is the tangential point between zero and infinity.
(Alfred Jarry)
God used beautiful mathematics in creating the world.
(Paul Dirac)
One and God make a majority.
(Frederick Douglass)
God is a verb, not a noun.
(R. Buckminster Fuller)
God ever geometrizes.
(Plato)
I believe in Spinoza's God who reveals himself in the orderly harmony
of what exists, not in a God who concerns himself with the fates and actions of
human beings.
(Albert Einstein)
2019-02-15
Somos feitos de
Durante séculos, achamo-nos
o centro do universo.
Hoje sabemos que não somos o
centro de nada. Integramos o sistema solar que, habitando a ponta da galáxia,
segue o seu caminho pelo espaço a uma velocidade surpreendente.
No entanto, mantém-se em nós
humanos um sentimento exagerado de grandeza, agora mais refinado e sofisticado,
mas que, na verdade, tem vindo a definir toda a história da humanidade.
Continuamos tontinhos, mesmo
após 50.000 anos de existência como hoje nos conhecemos. Continuamos a lutar
pelo território e a formar colónias e clãs. Continuamos megalómanos, ao mesmo
tempo que continuamos a procurar segurança.
Estamos neste planeta, mas
ainda andamos à procura do nosso lugar. Temos a abundância da natureza, mas
temos de ter mais ainda para não faltar. Somos um pacote de energia, mas temos
medo de morrer.
Quando, na verdade, não
somos mais que qualquer outra existência no universo.
Tudo o que que existe vem da mesma fonte, tem a mesma base de composição e a mesma capacidade de manifestação.
Cada átomo origina-se de
outro átomo e cada célula origina-se de outra célula.
Somos feitos da mesma coisa
que cria o universo. Dentro de nós encontra-se exatamente a mesma substância.
E nas entrelinhas, o
passado, presente e futuro coexistem. Desta forma, acreditamos alegremente que
há um início e um fim, quando na verdade, o universo revela-se a cada instante,
rindo-se das nossas ilusões…e sofisticações.
Desconheço as verdades do
universo, seja o que for que isto signifique. O que pressinto é que a ideia de que
estamos todos conectados, ou que somos todos um, não faz jus à imensidão
da nossa existência.
Somos feitos da mesma
substância que as estrelas. Se vemos o universo fora de nós, à distância de
onde os recursos permitem, muito mais existirá para além…e nós somos simplesmente
tudo isso!
‘Nós somos um meio para o
Universo conhecer a si mesmo. Uma parte do nosso ser sabe que essa é a nossa
origem. Nós desejamos voltar. E podemos, porque o Cosmos também está dentro de
nós. Nós somos feitos de matéria estrelar.’
(Carl Sagan)
2019-01-06
O Tempo
"- Olá Deus! Posso fazer-te uma pergunta?
- Claro meu filho. Qual a tua pergunta?
- Deus, o que é para ti um milhão de anos?
- Oh, isso para mim é só um segundo.
- Deus, e o que é para ti um milhão de euros?
- Hahaha, isso para mim é um cêntimo.
- Deus, podes dar-me um cêntimo.
- Claro meu filho, espera só um segundo."
Passamos muito tempo a ouvir que devemos aproveitar o nosso tempo de vida.
Não obstante, poucos são
aqueles que entendem efetivamente esta observação.
…
Partindo do princípio que
este universo existe há 15.6 biliões de anos (mais coisa, menos coisa), é
válido dizer que 100 anos é nicles.
Atravessamos (de alguma
forma que desconheço) esta realidade. E aqui estamos no vislumbre da ilusão,
achando que habitamos por estas bandas durante muito tempo, quando o tempo na
verdade é uma expressão do instante.
A nossa vida inteira pode
ser somente um ínfimo salto na imensidão do nada…Enjoy!
People like us, who believe in physics, know that the distinction between past, present and future is only a stubborn, persistent illusion.
(Albert Einstein)
Space and time are names.
(Siddha Nagarjuna)
Just play. Have fun. Enjoy the game.
(Michael Jordan)
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