Não é incomum a mensagem de que para sermos bons devemos corresponder ao que esperam de nós.
No trabalho, há objectivos. Os que recebem os nossos serviços exigem que o nosso desempenho corresponda aos procedimentos.
Na família, devemos assemelhar-nos aos outros, estabelecendo as nossas atitudes e intervenções.
Os amigos contam sempre connosco, e nós com eles, no entanto, mesmo em grandes amizades, há idealizações quanto ao comportamento do outro.
Mas afinal, quem dita o nosso papel?
Ah pois! As ciências sociais e humanas não se cansam de definir esta questão.
Contudo, arrisco-me a dizer que há, sempre houve e sempre haverá aqueles que se cansam de adoptar a postura esperada.
A imposição do comportamento mais parece uma obra fabricada do que propriamente um avanço natural no nosso desenvolvimento.
Não estou a referir-me como utilizamos o garfo e a faca, como fazemos compras, como conduzimos, como pagamos os impostos, enfim, essas coisas todas que na verdade só nos fazem fazer parte de um todo.
Quem dita o nosso papel nas escolhas, nas ideias, nas relações, nas aprendizagens, nos ensinamentos só podemos ser nós mesmos!
O nosso comportamento, a ser autêntico, só pode providenciar harmonia.
A autenticidade viaja directamente desde a nossa essência, e é essa que é importante nutrir.
Além de que, quem está em paz consigo mesmo, é incapaz (genuinamente) de magoar alguém, pois não se sente (genuinamente) magoado.
Ora, o que é afinal o bom comportamento, ou seja, de que se trata o que esperam de nós e para que serve tal cruz.
É-nos muitas vezes difícil dizer e ouvir a verdade. Por isso, ao longo de milénios, temos vindo a construir defesas para proteger os nossos medos e fraquezas e acabámos por construir um sub-plano de existência, que é tudo aquilo que achamos que devemos ser.
E muitas vezes, acaba-se o dia cansado, pois o corpo, a mente e o espírito viveram uma série de contradições.
Faz-me lembrar alguns filmes de ficção – A cidade está rodeada por um dantesco muro; é proibido aos habitantes passarem para o lado de lá; há um receio colectivo, pensamentos e jogos dissimulados, sempre pela existência de algo ali tão perto, e ao mesmo tempo tão intransponível. Sirvo-me das histórias sobre o desafio de procurar novos mundos, para estabelecer a analogia com a desconstrução daquilo que não somos, para exibir o que somos. Neste momento, não só trespassamos o muro, como viajamos até às estrelas.
Diz-se sim quando se pensa não, e diz-se não quando se pensa sim. Oh God!
Dirão com certeza que são as estratégias sociais. Seja o que for, não nos faz bem.
Abraçar o que pensamos que os outros esperam de nós sustenta um amor próprio esquecido.
É tempo de trespassar o muro e começar-se a ser autêntico.
Pois, porque no final da história, percebe-se que afinal o (nosso) mundo é muito maior do que pensávamos.
The minute you choose to do what you really want to do it’s a different kind of life.
(Buckminster Fuller)
It’s time to start the life you have imagined.
(Henry James)
The privilege of a lifetime is being who you are.
(Joseph Campbell)
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