Alguns estudos nas áreas do
comportamento e da biologia são concordantes sobre o facto de existir um
período limite para se estar em estado de paixão. Fala-se de três anos.
Dizem os mesmos estudos que
o corpo humano não comporta mais do que este tempo nesse mesmo estado.
Morreríamos exaustos.
Bom, o que gera algum
contra-senso no que toca a relações.
Muitos relacionamentos são
confrontados naquele momento em que, como bem dizem, a paixão acaba.
Ora, se pretendemos estar
sempre apaixonados, é a loucura e tudo é belo, andamos a querer com certeza
perecer de exaustão.
Conclusão, não podemos estar
sempre apaixonados e vivos ao mesmo tempo.
Efectivamente, as grandes
paixões da história da humanidade terminaram em morte…
À parte das razões destas
loucuras, a paixão é para muitos, diria mesmo a maioria, uma bênção.
Estar apaixonado é olhar
aquela árvore grande no caminho para o trabalho e reparar que vive lá um bando
de passarinhos que nunca se tinha reparado antes (na volta, imigrou mesmo há
pouco tempo).
Enfim, o estado de paixão é
algo ainda incompreensível.
As sensações físicas,
mentais e emocionais não deixam dúvidas quando se é atingido pelo cupido.
Mas porque acontece, como
acontece e porque acontece com aquela pessoa?
Pois, aí vem mais uma pilha
de teorias.
Ou é porque vemos os nossos
pais nos outros, ou seja, somos tendenciosos na repetição do padrão
subconsciente que atinge um estado superior de atração. Ou, pelo contrário,
ainda andamos em disputa com eles e então vamos sentir atração por alguém que
confronta os princípios que disputamos.
Ou ainda certos e pequenos
gestos que observamos ou sentimos, os quais podem avivar memórias infantis, que
são como um interruptor, à laia de cupido, e a partir daquele momento já não há
volta a dar. Aquela pessoa passou a fazer parte de nós.
Por vezes, são conversas,
que inicialmente seriam cinco minutos numa hora de almoço, e quando se dá por
elas, já está a escurecer. Aqui, entrámos no nosso mundo de fantasia.
Enfim, quem nunca sentiu a
flecha?
Não sei definir a paixão. Só
o consigo fazer apresentando os seus elementos, as suas equações, os seus
feitos e efeitos (e defeitos), o que na verdade, não diz o que ela é.
O mais próximo que cheguei
foi entendê-la como um encontro que não começa em nós, e sim num espaço qualquer do tempo, cujo fim só pode ser (obrigatoriamente) a expansão pessoal.
Convenhamos, tanta
trabalheira para nada? Com certeza que não!
Se é tão forte a vontade de
estar com alguém, tão fortes serão também as oportunidades de crescimento. É
quase como um desígnio do universo que se apresenta através das experiências
mais intensas.
Contudo, saberemos nós lidar
com isso? Por um acaso não iremos projectar no outro as nossas frustrações e
crenças? Como iremos atender às diferenças? Perceberemos mesmo que aquilo é
para crescer?
Há maior desafio que crescer
em relação? Poderemos nós crescer de outra forma?
Não…e sim!
Elevar o estado de paixão a
toda a nossa vida é exercer o poder dos deuses.
A paixão mais livre de todas
está nos nossos olhos.
Viva com paixão, dizem!
Arrisco-me então a alargar a
média do tempo de vida imposta para a paixão.
Para isso, recomendo –
esteja eventualmente apaixonado(a), mas fundamentalmente, seja apaixonado(a).
Esta sim é uma bênção!
There is no end. There is no beginning. There is only the infinite
passion of life.
(Federico Fellini)
I have no special talents. I am only passionately curious.
(Albert Einstein)
Nothing great in the world has ever been accomplished without passion.
(Georg W Friedrich Hegel)
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