2017-09-28

A Paixão


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alguns estudos nas áreas do comportamento e da biologia são concordantes sobre o facto de existir um período limite para se estar em estado de paixão. Fala-se de três anos.
Dizem os mesmos estudos que o corpo humano não comporta mais do que este tempo nesse mesmo estado.
Morreríamos exaustos.
 
Bom, o que gera algum contra-senso no que toca a relações.
Muitos relacionamentos são confrontados naquele momento em que, como bem dizem, a paixão acaba.
Ora, se pretendemos estar sempre apaixonados, é a loucura e tudo é belo, andamos a querer com certeza perecer de exaustão.
Conclusão, não podemos estar sempre apaixonados e vivos ao mesmo tempo.
Efectivamente, as grandes paixões da história da humanidade terminaram em morte…
 
À parte das razões destas loucuras, a paixão é para muitos, diria mesmo a maioria, uma bênção.
Estar apaixonado é olhar aquela árvore grande no caminho para o trabalho e reparar que vive lá um bando de passarinhos que nunca se tinha reparado antes (na volta, imigrou mesmo há pouco tempo).
Enfim, o estado de paixão é algo ainda incompreensível.
As sensações físicas, mentais e emocionais não deixam dúvidas quando se é atingido pelo cupido.
Mas porque acontece, como acontece e porque acontece com aquela pessoa?
Pois, aí vem mais uma pilha de teorias.
Ou é porque vemos os nossos pais nos outros, ou seja, somos tendenciosos na repetição do padrão subconsciente que atinge um estado superior de atração. Ou, pelo contrário, ainda andamos em disputa com eles e então vamos sentir atração por alguém que confronta os princípios que disputamos.
Ou ainda certos e pequenos gestos que observamos ou sentimos, os quais podem avivar memórias infantis, que são como um interruptor, à laia de cupido, e a partir daquele momento já não há volta a dar. Aquela pessoa passou a fazer parte de nós.
Por vezes, são conversas, que inicialmente seriam cinco minutos numa hora de almoço, e quando se dá por elas, já está a escurecer. Aqui, entrámos no nosso mundo de fantasia.
Enfim, quem nunca sentiu a flecha?
 
 
 
 
 
 
 
Não sei definir a paixão. Só o consigo fazer apresentando os seus elementos, as suas equações, os seus feitos e efeitos (e defeitos), o que na verdade, não diz o que ela é.
O mais próximo que cheguei foi entendê-la como um encontro que não começa em nós, e sim num espaço qualquer do tempo, cujo fim só pode ser (obrigatoriamente) a expansão pessoal.
Convenhamos, tanta trabalheira para nada? Com certeza que não!
Se é tão forte a vontade de estar com alguém, tão fortes serão também as oportunidades de crescimento. É quase como um desígnio do universo que se apresenta através das experiências mais intensas.
Contudo, saberemos nós lidar com isso? Por um acaso não iremos projectar no outro as nossas frustrações e crenças? Como iremos atender às diferenças? Perceberemos mesmo que aquilo é para crescer?
Há maior desafio que crescer em relação? Poderemos nós crescer de outra forma?
Não…e sim!
 
Elevar o estado de paixão a toda a nossa vida é exercer o poder dos deuses.
A paixão mais livre de todas está nos nossos olhos.
Viva com paixão, dizem!
Arrisco-me então a alargar a média do tempo de vida imposta para a paixão.
Para isso, recomendo – esteja eventualmente apaixonado(a), mas fundamentalmente, seja apaixonado(a).
Esta sim é uma bênção! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
There is no end. There is no beginning. There is only the infinite passion of life.
(Federico Fellini)
 
I have no special talents. I am only passionately curious.
(Albert Einstein)
 
Nothing great in the world has ever been accomplished without passion.
(Georg W Friedrich Hegel)

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