2017-12-30

2018

















May you live all days of your life.
(Jonathan Swift)

In the end, it’s not the years in your life that counts. It’s the life in your years.
(Abraham Lincoln)

It’s time to start the life you have imagined.
(Henry James)

2017-12-18

Solstício Inverno 2017








Portugal
Dia 21
Hora 16:28
 
Uma celebração autêntica.
O dia atinge o seu período mínimo e a noite o seu período máximo.
Sinal do ponto máximo das nossas profundezas.
Agora iremos começar a voltar-nos mais para a luz, para o sol, dirigindo-lhe um olhar mais pessoal, como se quiséssemos dizer-lhe que na verdade continuamos a venerá-lo.
 
E assim experimentamos mais uma viragem.
É hora de largar as últimas folhas, o velho, o que não é necessário, o que bloqueia a passagem para uma nova folha, uma nova ideia.
Despir-nos das emoções como a árvore se despe das suas vaidades é atravessar a natureza a grande velocidade e desfrutar da graciosidade que nos é ofertada.
Assim nos recebe o inverno. Ele almeja pureza, tranquilidade e potencial.
 
O outono está a retirar-se, e com ele as dúvidas, os medos e o desânimo das coisas não estarem a acontecer da forma como foi arquitectada.
Enfim, deixem-se de tretas. Temos tudo à nossa frente para sermos super felizes.
As emoções significam literalmente energia em movimento.
No entanto as pessoas agarram-se a elas. Conservam-nas e preservam-nas.
Que coisa aborrecida. É como imaginar uma árvore cheia de folhas amarelas para sempre.
 
Por isto, e por todas ou nenhuma razão, vamos receber o inverno com um sorriso.
Vamos respirar fundo e penetrar no nosso vazio, para nos permitirmos criar.
O ar frio, o céu azul e a montanha coberta de neve clamam a nossa forma mais pura. É aqui que encontramos o nosso verdadeiro potencial.
Um ótimo inverno!

 


 








"Antes o voo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para nada.
 
A recordação é uma traição à Natureza.
Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.
 
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!"
 
Alberto Caeiro

2017-11-23

O consumismo














Não bastava a data de Natal. Agora temos a abertura oficial das compras de Natal – o Black Friday está em todo o lado, tenhamos paciência.
Nunca os reis magos sonharam como iriam mudar o mundo aquando das oferendas a Cristo.
 
Diz-se que Jesus não nasceu em Dezembro, mas sim em Março.
Assumindo-me como leiga nos detalhes desta história, arrisco-me a fazer referência a alguns autores, estes sim estudaram o suficiente para afirmar que o nascimento de Cristo foi astutamente colocado no solstício de inverno, evento comemorado desde há milénios e que movia naquela época a verdadeira celebração da vida.
 
No entanto, aqui estamos nós às voltas com o Natal e tudo o que ele se tornou na nossa sociedade.
Não desfazendo o espírito, que segundo muitos é uma hipocrisia, ou outros que alegam que mais vale um dia no ano que nenhum, pretendo somente mencionar sobre o júbilo ilusório na propensão do consumo.
Isto porque testemunhei uma multidão em fúria no primeiro dia dos descontos nas grandes superfícies. Aquilo não era de todo seres humanos, nem tão pouco feras selvagens…estas só procuram o que necessitam.
 
Não é minha intenção depreciar o labor de milhões de pessoas, ou mesmo a complexa rede da economia e a necessidade de produção em prole de uma sociedade social e financeiramente estável.
Sim, todos sabemos que se produz em demasia, pois consome-se em demasia.
 
O que apraz ser importante nesta altura é uma consciência do que é fundamental nas nossas vidas.
O conforto e o gozo fazem sem dúvida parte de uma vida sã, no entanto só o cumprem no seu próprio equilíbrio.
 
A questão não está nos gastos excessivos ou na falta deles. O que importa é estarmos bem com o que fazemos. Não há aparências nem expectativas. Não há danos morais nem monetários.
E não há o comentário habitual “já não posso ver mais comida à frente.” (é um insulto).
 
Não me revolto com o sistema, pois é o universo que está no comando. Não almejo mudar a economia dos estados e as ganâncias que se escondem por detrás.
Quem convive com a sua consciência mais profunda, sabe no íntimo do seu ser que a vida é experiência e por aí adiante.
 
No entanto, posso ser alheia ao marketing agressivo, à panóplia de estímulos comerciais quando caminho na rua e ao movimento frenético das pessoas.
Há muito consumo e há muito desperdício, ou lixo, para ser mais clara.
 
Vivamos na abundância que nos faz feliz, com certeza, mas para isso não é preciso agitar o mundo desta forma.
 
 
 

We are not rich by what we possess but by what we can do without.
(Immanuel Kant)
 
Abundance is not something we acquire. It is something we tune into.
(Wayne Dyer)
 
Whenever you find yourself on the side of the majority, it is time to pause and reflect.
(Mark Twain)

2017-11-13

Momentos...


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Falamos comumente em problemas e a partir deles procuramos soluções…e mantemo-nos na ilusão da separação.
Não existem problemas, não existem soluções.
A existência das coisas é ela mesma um movimento ilusório do nosso cérebro, aprisionado por ideias criadas fora de nós, alegando que são para nós.
 
A realidade, comprovadamente enganosa no que concerne à forma, é-nos debitada através de infinitos cálculos moleculares, via de uma função graciosa de troca entre elementos microscópicos, mas suficiente para podermos enxergar o que nos rodeia.
No entanto, e já dizia o escritor – só se vê bem com o coração – e não posso ser alheia a esta sentença, já que aproxima-se singularmente daquilo que a minha intuição pretende espelhar, ela também um pouco singular, dado que percebe distraidamente a verdadeira realidade das coisas.
 
Não existem problemas, não existem soluções…remeto-me humildemente ao início, almejando o encontro da unidade, desfazendo antónimos em prole de uma aspiração de vida.
Nada é premente sem que o seu centro seja o eixo efectivo, a convergência divina da polaridade. Para ela, inclino-me com reverência, e assumo com respeito os meus próprios erros, tão humanos quanto aos dos humanos. Contudo, é para mim positivamente esmagador a consciência de que nada é verdadeiro às portas da dualidade, mesmo ludibriada por um cenário que à partida parece um só.
 
Arrisco-me a firmar a existência como algo que só é possível a partir da sua fonte, e esta é indubitavelmente, não o verso, não o reverso, não a unidade, não o conjunto, não o Eu, não o Tu…o que nos remete quase por brincadeira a 15.6 biliões de anos atrás, onde de facto o Nada é Tudo.
 
A existência passa assim a ser uma única, onde dentro dela, se quisermos, reside o que falaciosamente chamamos de problema e solução. Prefiro então, mesmo incapaz de desenredar-me do artifício gramatical, sujeita obviamente a denominações mentais, a maior parte inconsciente, aludir aos prefixos da língua, tornando a existência em coexistência e fazer desta última o meu preceito.
 
 
 

2017-10-24

Não querer é poder





 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A renúncia é a libertação. Não querer é poder.
(…)
Transeuntes eternos por nós mesmos, não há paisagem senão o que somos. Nada possuímos, porque nem a nós possuímos. Nada temos porque nada somos. Que mãos estenderei para que universo? O universo não é meu: sou eu.”
Fernando Pessoa – “Livro do Desassossego”
 
Desde o famoso provérbio – Querer é poder, aos milhares de livros, artigos, vídeos,  eventos, temos sido encaminhados para querer.
Querer está implícito na história, como a separação entre o homem e a natureza.
Mas quando queremos, não somos.
 
Só posso mesmo fazer uma vénia ao nosso querido Pessoa.
Quem nada quer, tudo tem. Pois nós temos o que somos, não o que queremos.
Querer significa já por si não ter.
Ser significa ter.
 
Não querer não significa resignação.
Não querer é ser, é acção. Há experiência, criação e consciência.
Pode-se argumentar que para agir é preciso querer.
Eu contra-argumento, é preciso mesmo?
 
Francis Bacon, o pai do método científico escreveu – Wonder is the seed of knowledge.
 
Wonder, not want.
 
O que procuramos afinal?
Porque queremos tantas coisas?
Meio mundo quer uma coisa, e que se saiba, não a tem.
Que grande chatice.
Todos queremos paz no mundo.
Pois, querer não gera acção.
Ser sim. “…O universo não é meu: sou eu.”
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
I think 99 times and find nothing. I stop thinking, swim in silence, and the truth comes to me.
(Albert Einstein)
 
What we achieve inwardly will change outer reality.
(Otto Rank)
 
To the mind that is still, the whole universe surrenders.
(Lao Tzu)

 

2017-10-11

O que esperam de nós

 










Não é incomum a mensagem de que para sermos bons devemos corresponder ao que esperam de nós.
No trabalho, há objectivos. Os que recebem os nossos serviços exigem que o nosso desempenho corresponda aos procedimentos.
Na família, devemos assemelhar-nos aos outros, estabelecendo as nossas atitudes e intervenções.
Os amigos contam sempre connosco, e nós com eles, no entanto, mesmo em grandes amizades, há idealizações quanto ao comportamento do outro.

Mas afinal, quem dita o nosso papel?
Ah pois! As ciências sociais e humanas não se cansam de definir esta questão.
Contudo, arrisco-me a dizer que há, sempre houve e sempre haverá aqueles que se cansam de adoptar a postura esperada.
A imposição do comportamento mais parece uma obra fabricada do que propriamente um avanço natural no nosso desenvolvimento.
Não estou a referir-me como utilizamos o garfo e a faca, como fazemos compras, como conduzimos, como pagamos os impostos, enfim, essas coisas todas que na verdade só nos fazem fazer parte de um todo.

Quem dita o nosso papel nas escolhas, nas ideias, nas relações, nas aprendizagens, nos ensinamentos só podemos ser nós mesmos!
O nosso comportamento, a ser autêntico, só pode providenciar harmonia.
A autenticidade viaja directamente desde a nossa essência, e é essa que é importante nutrir.
Além de que, quem está em paz consigo mesmo, é incapaz (genuinamente) de magoar alguém, pois não se sente (genuinamente) magoado.












Ora, o que é afinal o bom comportamento, ou seja, de que se trata o que esperam de nós e para que serve tal cruz.
É-nos muitas vezes difícil dizer e ouvir a verdade. Por isso, ao longo de milénios, temos vindo a construir defesas para proteger os nossos medos e fraquezas e acabámos por construir um sub-plano de existência, que é tudo aquilo que achamos que devemos ser.
E muitas vezes, acaba-se o dia cansado, pois o corpo, a mente e o espírito viveram uma série de contradições.

Faz-me lembrar alguns filmes de ficção – A cidade está rodeada por um dantesco muro; é proibido aos habitantes passarem para o lado de lá; há um receio colectivo, pensamentos e jogos dissimulados, sempre pela existência de algo ali tão perto, e ao mesmo tempo tão intransponível. Sirvo-me das histórias sobre o desafio de procurar novos mundos, para estabelecer a analogia com a desconstrução daquilo que não somos, para exibir o que somos. Neste momento, não só trespassamos o muro, como viajamos até às estrelas.

Diz-se sim quando se pensa não, e diz-se não quando se pensa sim. Oh God!
Dirão com certeza que são as estratégias sociais. Seja o que for, não nos faz bem.
Abraçar o que pensamos que os outros esperam de nós sustenta um amor próprio esquecido.
É tempo de trespassar o muro e começar-se a ser autêntico.
Pois, porque no final da história, percebe-se que afinal o (nosso) mundo é muito maior do que pensávamos.










The minute you choose to do what you really want to do it’s a different kind of life.
(Buckminster Fuller)

It’s time to start the life you have imagined.
(Henry James)

The privilege of a lifetime is being who you are.
(Joseph Campbell) 

2017-09-28

A Paixão


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alguns estudos nas áreas do comportamento e da biologia são concordantes sobre o facto de existir um período limite para se estar em estado de paixão. Fala-se de três anos.
Dizem os mesmos estudos que o corpo humano não comporta mais do que este tempo nesse mesmo estado.
Morreríamos exaustos.
 
Bom, o que gera algum contra-senso no que toca a relações.
Muitos relacionamentos são confrontados naquele momento em que, como bem dizem, a paixão acaba.
Ora, se pretendemos estar sempre apaixonados, é a loucura e tudo é belo, andamos a querer com certeza perecer de exaustão.
Conclusão, não podemos estar sempre apaixonados e vivos ao mesmo tempo.
Efectivamente, as grandes paixões da história da humanidade terminaram em morte…
 
À parte das razões destas loucuras, a paixão é para muitos, diria mesmo a maioria, uma bênção.
Estar apaixonado é olhar aquela árvore grande no caminho para o trabalho e reparar que vive lá um bando de passarinhos que nunca se tinha reparado antes (na volta, imigrou mesmo há pouco tempo).
Enfim, o estado de paixão é algo ainda incompreensível.
As sensações físicas, mentais e emocionais não deixam dúvidas quando se é atingido pelo cupido.
Mas porque acontece, como acontece e porque acontece com aquela pessoa?
Pois, aí vem mais uma pilha de teorias.
Ou é porque vemos os nossos pais nos outros, ou seja, somos tendenciosos na repetição do padrão subconsciente que atinge um estado superior de atração. Ou, pelo contrário, ainda andamos em disputa com eles e então vamos sentir atração por alguém que confronta os princípios que disputamos.
Ou ainda certos e pequenos gestos que observamos ou sentimos, os quais podem avivar memórias infantis, que são como um interruptor, à laia de cupido, e a partir daquele momento já não há volta a dar. Aquela pessoa passou a fazer parte de nós.
Por vezes, são conversas, que inicialmente seriam cinco minutos numa hora de almoço, e quando se dá por elas, já está a escurecer. Aqui, entrámos no nosso mundo de fantasia.
Enfim, quem nunca sentiu a flecha?
 
 
 
 
 
 
 
Não sei definir a paixão. Só o consigo fazer apresentando os seus elementos, as suas equações, os seus feitos e efeitos (e defeitos), o que na verdade, não diz o que ela é.
O mais próximo que cheguei foi entendê-la como um encontro que não começa em nós, e sim num espaço qualquer do tempo, cujo fim só pode ser (obrigatoriamente) a expansão pessoal.
Convenhamos, tanta trabalheira para nada? Com certeza que não!
Se é tão forte a vontade de estar com alguém, tão fortes serão também as oportunidades de crescimento. É quase como um desígnio do universo que se apresenta através das experiências mais intensas.
Contudo, saberemos nós lidar com isso? Por um acaso não iremos projectar no outro as nossas frustrações e crenças? Como iremos atender às diferenças? Perceberemos mesmo que aquilo é para crescer?
Há maior desafio que crescer em relação? Poderemos nós crescer de outra forma?
Não…e sim!
 
Elevar o estado de paixão a toda a nossa vida é exercer o poder dos deuses.
A paixão mais livre de todas está nos nossos olhos.
Viva com paixão, dizem!
Arrisco-me então a alargar a média do tempo de vida imposta para a paixão.
Para isso, recomendo – esteja eventualmente apaixonado(a), mas fundamentalmente, seja apaixonado(a).
Esta sim é uma bênção! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
There is no end. There is no beginning. There is only the infinite passion of life.
(Federico Fellini)
 
I have no special talents. I am only passionately curious.
(Albert Einstein)
 
Nothing great in the world has ever been accomplished without passion.
(Georg W Friedrich Hegel)

2017-09-18

Equinócio Outono 2017




 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Portugal
Dia 22
Hora 20:02
 
O ar fresco já se sente, pelo menos nestas últimas noites (bem frescas) e ventosas.
Para uns é o fim do verão, para outros, o início do outono.
 
São poucos os que almejam o frio.
À parte do espectro da temperatura suportada pelo corpo humano, a relação com o clima deve com certeza estar ligada à relação que temos com o nosso corpo.
Não abandono a ideia do metabolismo, funcionamento das glândulas, e mesmo o hábito em zonas de temperaturas extremas.
No entanto, se perguntarmos a cada indivíduo de uma população, obteríamos com certeza respostas de resistência à temperatura bastante diferenciadas.
 
Assim, o que realmente sentimos quando saímos do verão a caminho das estações frias?
Frio!
 
 

A temperatura domina as culturas, os hábitos e as economias.
Produz ideias, invenções, modas, rituais, remexendo astutamente no nosso comportamento.
Qualquer um consegue descrever, mesmo empiricamente, as diferentes estações do ano.
Somos condicionados por elas…e sabemo-lo.
 
Quanto ao Outono, vejo-o como movimento, algo que não está parado, que nada retém. Ele representa o deixar ir. E é com alegria que é possível largar as nossas memórias antigas, para ficarmos vazios e respiramos com profundidade aquele vento frio que abana os longos ramos das árvores.
E olhar as folhas a esvoaçar como se fossem emoções que já não estão presas e agarradas, para por fim as largarmos.
E no final, permitir a chuva cair em nós. Dizem que faz produzir endorfinas. Enfm, quem nunca teve prazer em apanhar chuva? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem; cada um como é.
(Fernando Pessoa)
 
Sunshine is delicious, rain is refreshing, wind braces us up, snow is exhilarating; there is really no such thing as bad weather, only different kinds of good weather.
(John Ruskin)
 
Weather forecast for tonight: dark.
(George Carlin)