2017-08-25

Expectativas

 

 

 

 

 

 

 
Li uma vez que felicidade é não esperar nada.
Veio com certeza sublinhar a ideia que já tinha de que só há desilusão quando há ilusão.
Já vi uma t-shirt com letras bem visíveis com a frase – No Expectations  No Disappoitments.
 
É preciso dizer mais alguma coisa?
Parece-me que não!
No entanto…
 
No entanto, impõe-se-me referir uma variável na equação das expectativas.
As crenças.
Expectativas baseadas em crenças retardam o nosso caminho. 
 
Em momentos “furados” é comum ouvir discursos do tipo – Pois, dei tudo aquela pessoa, aquela empresa, aquele projecto, aquela relação, aquele investimento, aquela viagem, aquela construção, aquele curso, aquele carro novo, enfim.
No final, cobra-se tudo de novo.
Mas o que é que estavam à espera?
Ou se dá porque a vida é uma experiência, ou se dá pois quer-se algo em troca, tem-se a crença de que se dermos o que (não) somos, vamos ser os melhores do mundo.
Como diz uma frase de Dennis Wholey – Esperar que a vida te trate bem porque és boa pessoa, é como esperar que um touro não te ataque porque és vegetariano.
 
 

Quando nos comprometemos com algo, o fundamental a desenvolver é o nosso nível de exigência, não de expectativa.
Quando nos dedicamos a algo, qual é na verdade o nosso propósito?
Se estivermos a ser genuínos, a acção já per se é o próprio reconhecimento. De contrário, recorda-me um provérbio chinês – Tensão é quem você pensa que deve ser. Tranquilidade é o que você realmente é.
 
As crenças sobre aquilo que deveremos ser para nos mostrarmos perfeitos e expectar resultados contaminam as nossas exigências e fazem delas esta coisa de estar sempre a expectar algo, que, permitam-me acrescentar, a maior parte das vezes não é nada do que na verdade expectamos.
 
É jubiloso enfrentar as situações sem expectativas.
É mágico e divertido.
Ser feliz é de facto não esperar nada…e ao mesmo tempo ter tudo.
 
 
 

 

 

 

 

2017-08-21

Ilusão
















‹‹Certa vez, um imperador indiano enfureceu-se com o seu guru que insistia que tudo é ilusão.
Para provar que o guru estava errado, o imperador convidou-o ao seu palácio e soltou um elefante em direcção a ele. Vendo o guru a iniciar uma corrida em disparada, o imperador gritou-lhe: "Por que corres tão rápido, sabendo que o meu elefante é apenas uma ilusão?".
 O guru gritou, já à distância: "Oh, imperador, a minha corrida também é uma ilusão, tudo neste mundo é uma ilusão."››

Considero este conto um dos mais amáveis e interessantes de todos os que conheço.
Niels Bohr escreveu um dia, “Everything we call real is made of things that cannot be regarded as real“.
Extraordinário, verdade?

A partir do momento em que um electrão é ao mesmo tempo onda e partícula, já não se pode negar o lugar da ilusão.
A velha história da árvore…
O próprio átomo tem 99,99% de espaço vazio!
A matéria e a massa, a grande questão do Bosão de Higgs. A demanda para explicar o que confere massa às outras partículas, para que entendamos o que é na verdade a matéria.
É simplesmente encantador.
O que é tudo afinal?

Não pretendo (genuinamente) estender-me sobre o que é o tudo.
Sei que há densidade por este lado do cosmos, o suficiente para se perceber que há experiência. Mas não procuro respostas (aliás, o universo não tem perguntas, e por sua vez também não tem respostas).
Compreender a ilusão é mais um desafio, íntimo diria, de olhar para as coisas e sorrir.
 

 












 

 
 
In fact, what is called the world is only a thought.
(Sri Ramana Maharshi)
 
Atoms are not things.
(Werner Heinsenberg)
 
Reality is merely an illusion, albeit a very persistent one.
(Albert Einstein)
 
 
 

2017-08-20

Meditação















Não é fácil definir o termo Meditação quando olhamos para a sua história.
No entanto, é-me muito confortável apresentá-lo como um estado de Ser, muito além do que uma infinidade de técnicas para encontrar esse Ser.

Não obstante, e variando consoante a origem, encontramos como definição a prática da focalização, a iluminação, a irradicação do desapego, o alcance a um estado sem pensamentos, a contemplação, enfim, são vastas as descrições.
É em textos hindus e taoistas que se encontram as primeiras referências a exercícios meditativos. A India iniciou pouco mais tarde esta prática.
Também há alusões à meditação entre os índios americanos e ainda nos esquimós.
Uns séculos mais tarde, chega ao ocidente, e recentemente o surgimento da Meditação Transcendental.
Fazemos um caminho de milhares de anos e podemos facilmente concluir que tal método deve com certeza fazer parte de nós.
É mais o que somos, do que aquilo que temos de ser.

Não há dúvidas sobre o tão genuíno que é meditar. Passa-se na verdade qualquer coisa que faz sorrir por dentro e perceber que é algo sem objectivo algum.
É passível de compreensão o facto de não poder de forma alguma entrar na definição de meditação a procura de algo.
Ora, se meditar é estar focado, sem pensamentos, com iluminação e contemplar como se fossemos parte da contemplação, então a existência da prática da meditação não pode atirar-nos para fora de nós, não pode ser algo que só existe lá mais à frente.
“No final, não são os anos da tua vida que contam, mas sim a vida dos teus anos.” (A. Lincoln)
Confio de que quanto mais duradouro é o fascínio pela vida, mais contribuímos para a elevação da nossa existência.

A meditação budista, hindu, xamã e transcendental afiguram-se de conteúdos puros, no entanto é relevante conhecer a sua origem e interpretá-la, a cada uma, com o coração.
Marcações, stress, inscreve, desiste, hoje posso, amanhã não, é giro. Em suma, nada a ver.
A meditação envolve disciplina, entrega e respiração. A partir daqui, torna-se naturalmente naquilo que é.

Partilha-se entre alguns estudiosos a ideia de que as primeiras experiências meditativas surgiram na descoberta do fogo pelo Homem.
O foco visual contínuo nas chamas criaria estímulos visuais, afastando a presença de tudo o que estava ao redor, ficando fora de perigo. É chamado o estado mediativo espontâneo. E estamos a falar de algumas centenas de milhares de anos atrás.
Ou seja, não descobrimos a meditação, ela é uma parte de nós que, acreditem, não está adormecida.
Se existem técnicas, métodos e práticas, é porque somos humanos. O nosso cérebro está assim preparado, e exige que lhe demos treino. É um órgão nada fácil, bolas! Não é à toa que algumas culturas recorrem a substâncias psicoactivas para a meditação e estados alterados de consciência, mas isto já são outras histórias. 

Enfim, a prática da meditação é algo bastante poderoso, exactamente porque o poder está em nós. É estar presente, seja em prática meditativa, seja simplesmente no desenrolar do dia. É pessoal, é nosso. Pode revelar-se em qualquer instante, em qualquer situação, experiência, pensamento e emoção. Faz de nós seres maravilhosos.
Não é por acaso que detemos este privilégio de meditar. É tão louco saber que podemos ser nós mesmos e ao mesmo tempo contribuir para um bem comum.
Experiências comprovaram como podemos mudar o mundo somente com o nosso estado de consciência.
Comentamos tanto os males do mundo, e não nos lembramos que somos nós os responsáveis.
Quem já não experienciou uma alteração no contexto por ter mudado o seu estado anímico?

Medite como se fizesse parte da sua existência. Não há necessidade de provar nada a ninguém, não há a insistente procura de equilíbrio, não há o pesar das obrigações. Há só o estado, o ser, aqui e agora.


Não basta abrir a janela

Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora.
É um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
 
Alberto Caeiro

 
 





 
 
 
 
 
 
 
 
At the moment we want to be something, we are no longer free.
(Jiddu Krishnamurti)
 
When you're a kid, you lay in the grass and watch the clouds going over, and you literally don't have a thought in your mind. It's purely meditation, and we lose that.
(Dick Van Dyke)
 
The mantra that you're given in Transcendental Meditation you keep to yourself. The reason being, true happiness is not out there, true happiness lies within.
(David Lynch)

2017-08-08

Coração e Cérebro














Como nos relacionamos com o mundo?
Fácil! O relacionamento com o que está fora é determinado pela forma como se olha a vida, que por sua vez é determinada pelo que somos.
A quantidade de teorias sobre porque fazemos o que fazemos é tão imensa, quão complexo é o ser humano.
Não desfazendo de todo todas elas, até porque ensinam-nos muitas vezes a perceber que ideias fervem nas profundezas do nosso ser, decidi ir à procura de uma fórmula simples para um entendimento claro e eficaz das experiências.

O caminho foi particularmente ao encontro de dois destinos, o cérebro e o coração.
Ou melhor, três, a ligação entre ambos.

Actualmente ainda há muito para se saber sobre o cérebro. Os estudos levam grande avanço, no entanto e à medida que novas funções se vão descobrindo, mais os cientistas confessam nada saber.
O cérebro tem áreas distintas, distribuídas em dois hemisférios, contudo funciona como um todo, e é no todo que ele evidencia o seu poder.

À parte de toda a estrutura de trocas internas e complexas, recordo o neurocientista Paul MacLean e a sua teoria do tri-cérebro.
O Cérebro Básico (Reptiliano), que permite as funções de fazer, actuar e realizar. É responsável pela fome e sede e caracterizado pela sobrevivência. É o armazém das limitações do medo. Representa o instinto.
Sistema Límbico – permite o sentir, querer e desejar. É responsável pelo controle emocional. É o armazém das limitações do sofrimento. Representa o sentimento.
Neocórtex – permite o raciocínio criativo. É responsável pelo desenvolvimento do pensamento abstracto e pela capacidade de inventar. É o armazém das limitações do stress. Representa o pensamento.












O coração é responsável por bombear o sangue no nosso corpo. Tal tarefa é determinada por um conjunto de células que produzem uma corrente eléctrica, originando o batimento e por sua vez a circulação.
É o órgão que representa os sentimentos de perda. 

No entanto, novas pesquisas têm vindo a demonstrar que o coração é mais do que uma fantástica bomba de sangue e mais do que um romance ou um amor louco e apaixonado.
Ele está profundamente ligado às emoções e regula o funcionamento de todo o corpo através da sua ação no cérebro.
O Institute HeartMath tem vindo a apresentar resultados impressionantes nas suas investigações. Para além do campo eléctrico, que já é bastante superior ao do cérebro, existe o campo magnético (gerado pelos fantásticos ritmos cardíacos), já provado ser 4.000 a 5.000 vezes superior ao do cérebro. De acordo com os neurocientistas, o campo electromagnético do coração tem um alcance de vários metros, contudo arrisco-me a dizer que pode ir ainda mais longe. 

Por outro lado, existe no coração conjuntos de milhares de neurónios que fazem a ligação ao cérebro emocional, apresentando o coração como um poderoso órgão de transformação. Este envia informação ao sistema límbico do cérebro, dando uma pequena grande ajuda na gestão da vida e das experiências da pessoa. É chamada a inteligência do coração.

Chegamos assim a um único destino, ao Terceiro Ponto. Falo da Coerência Cardíaca, conceito e técnica desenvolvida no mesmo instituto. Consiste no equilíbrio entre o coração e o cérebro emocional. Este equilíbrio é a chave para vivermos a tal alegria interior.
Esta coerência entre o batimento cardíaco e as emoções proporciona naturalmente um bem-estar físico e mental. 
Já há inclusive estudos que comprovam que a coerência energética entre o coração e o cérebro desenvolve naturalmente mais inteligência e intuição.
Esta harmonia é a chave para vivermos as experiências com um bem estar pleno que para mais é contagiante. Marca tudo à sua volta! Não fosse este querido e amado órgão albergar a força e o poder de expandir, tal como acontece com o universo.

Continuamos a reclamar sobre um monte de coisas na nossa vida. Abraçamos a frustração, o ressentimento, a vitimização, quando na verdade a força está na compreensão, na gratidão e no amor.
Estas são áreas do coração, cuja força é indiscritível e inegável.
Somos seres em expansão. Somos um todo num todo.
Vamos lá expandir muita alegria.
Se um coração tem esta força toda, imaginem 7 biliões.




The emotional brain responds to an event more quickly than the thinking brain.
(Daniel Goleman)
 
You change your life by changing your heart.
(Max Lucado)
 
Wherever you go, go with all your heart.
(Confucius)
 

2017-08-01

Nutrição



Pressente-se alguma incorreção nesta nova moda de comermos o que os outros nos dizem para comer.
Alcançou mesmo o estatuto de estilo comer isto ou aquilo.
Há pessoas a gastar fortunas em consultas de nutrição, e depois dizem que certos produtos (bons) são muito caros.
Está na televisão, nas revistas, naqueles anúncios que nos assolam na web. Está nas escolas, no trabalho, nas grandes superfícies e até nas conversas sociais.
 
Comer.
É das coisas mais básicas da vida. Aliás, do universo. É a energia. Aquela que não se cria, mas se transforma.
Evoca um dos mecanismos homeostáticos do corpo humano e decreta astutamente o nosso ritmo e hábitos diários.
O comer traz em anexo a questão da obesidade, a qual mexe com duas qualidades que nos são bastante familiares, a saúde e a beleza exterior. 
 
Nunca se perguntaram sobre a profundidade da prática de comer?
Será somente uma questão de sobrevivência ou será um momento da tal troca de energia, comum a todo o que existe?
Para sabermos exatamente o que o nosso corpo precisa, em primeiro lugar é fundamental estar em sintonia com ele. Ouvi-lo, senti-lo, reconhecer que é um conjunto de partículas, ou seja, energia a vibrar.
É elementar amá-lo.
 
A partir daqui, saberemos facilmente o que comer.
Saber o que nos faz sentir bem, saborear plenamente o que ingerimos, perceber que por dentro também podemos ser perturbados.
Honrar os nutrientes vivos, escolher consoante a nossa própria vontade, entender que até o solo mais fértil pode ficar sobrecarregado.
 
Quanto à obesidade e beleza exterior, arrisco-me a afirmar que trata-se de algo mais profundo que a ingestão de comida. Até porque o peso é uma questão prioritariamente de saúde.
Sabemos que uma pessoa gordinha passa a perder peso, não quando começa a comer melhor ou a mexer-se mais, mas porque decidiu no seu íntimo dar tempo e espaço ao seu corpo.
Esta decisão trará resultados notórios se for baseada na mudança de padrão interior da pessoa.
 
E isto porque?
Os gordinhos são pessoas que subconscientemente desejam ser notadas. Pode ter havido um abandono, e agora necessitam de aprovação. São pessoas que normalmente precisam muito de companhia. Também podem ter desenvolvido uma forma de se proteger, gerindo dessa forma a rejeição vivida.
Quando a pessoa transforma o registo (vamos lá aceitar o desafio!), surge automaticamente um olhar diferente sobre si mesma, o que leva rapidamente à perda de peso, acompanhada de hábitos alimentares e de desenvolvimento pessoal diferentes.
Irá manifestar-se de forma natural uma alteração física, a qual é o resultado da transformação mental.
Sem dúvida e sem esforço, esta pessoa irá saber exactamente o que comer, e mais, sentir-se-á muito satisfeita com tudo aquilo que faz em relação ao assunto.
 
A natureza é fabulosa, como bem sabemos, e dá-nos exactamente o que precisamos.
Aí fora existe ao nosso dispor uma panóplia de alimentos que nos podem fazer feliz.
Cada alimento tem uma determinada vibração. Basta ter cores diferentes.
Cada alimento tem uma determinada constituição. Está tudo ao nosso alcance.
Para quê tanto expertise, listas infindáveis de obrigações e proibições, quando na verdade todo o conhecimento de nós mesmos e para nós mesmos está dentro de nós mesmos.
Tudo o que gera stress é desnecessário. Com a comida, então, é mesmo salutar estar tranquilo aquando do processo, seja na aquisição, seja no consumo.
 
É verdade que as células têm memória, e que o cérebro é hábil quando nos diz categoricamente que já comemos aquilo há muito tempo, “não vais largar agora, certo?!”.
 
Errado!
Afinal quem manda aqui?
É o cérebro, os outros ou você?
 
É na tomada de consciência que encontramos exatamente o que nos faz bem e nos faz belos.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 
 
There is no sincerer love than the love of food.
(George Bernard Shaw)
 
Tell me what you eat, and I will tell you who you are.
(Jean Anthelme Brillat-Savarin)
 
Only the pure in heart can make a good soup.
(Ludwig van Beethoven)