Não é fácil definir o termo Meditação quando olhamos para a sua história.
No entanto, é-me muito confortável apresentá-lo como um estado de Ser, muito além do que uma infinidade de técnicas para encontrar esse Ser.
Não obstante, e variando consoante a origem, encontramos como definição a prática da focalização, a iluminação, a irradicação do desapego, o alcance a um estado sem pensamentos, a contemplação, enfim, são vastas as descrições.
É em textos hindus e taoistas que se encontram as primeiras referências a exercícios meditativos. A India iniciou pouco mais tarde esta prática.
Também há alusões à meditação entre os índios americanos e ainda nos esquimós.
Uns séculos mais tarde, chega ao ocidente, e recentemente o surgimento da Meditação Transcendental.
Fazemos um caminho de milhares de anos e podemos facilmente concluir que tal método deve com certeza fazer parte de nós.
É mais o que somos, do que aquilo que temos de ser.
Não há dúvidas sobre o tão genuíno que é meditar. Passa-se na verdade qualquer coisa que faz sorrir por dentro e perceber que é algo sem objectivo algum.
É passível de compreensão o facto de não poder de forma alguma entrar na definição de meditação a procura de algo.
Ora, se meditar é estar focado, sem pensamentos, com iluminação e contemplar como se fossemos parte da contemplação, então a existência da prática da meditação não pode atirar-nos para fora de nós, não pode ser algo que só existe lá mais à frente.
“No final, não são os anos da tua vida que contam, mas sim a vida dos teus anos.” (A. Lincoln)
Confio de que quanto mais duradouro é o fascínio pela vida, mais contribuímos para a elevação da nossa existência.
A meditação budista, hindu, xamã e transcendental afiguram-se de conteúdos puros, no entanto é relevante conhecer a sua origem e interpretá-la, a cada uma, com o coração.
Marcações, stress, inscreve, desiste, hoje posso, amanhã não, é giro. Em suma, nada a ver.
A meditação envolve disciplina, entrega e respiração. A partir daqui, torna-se naturalmente naquilo que é.
Partilha-se entre alguns estudiosos a ideia de que as primeiras experiências meditativas surgiram na descoberta do fogo pelo Homem.
O foco visual contínuo nas chamas criaria estímulos visuais, afastando a presença de tudo o que estava ao redor, ficando fora de perigo. É chamado o estado mediativo espontâneo. E estamos a falar de algumas centenas de milhares de anos atrás.
Ou seja, não descobrimos a meditação, ela é uma parte de nós que, acreditem, não está adormecida.
Se existem técnicas, métodos e práticas, é porque somos humanos. O nosso cérebro está assim preparado, e exige que lhe demos treino. É um órgão nada fácil, bolas! Não é à toa que algumas culturas recorrem a substâncias psicoactivas para a meditação e estados alterados de consciência, mas isto já são outras histórias.
Enfim, a prática da meditação é algo bastante poderoso, exactamente porque o poder está em nós. É estar presente, seja em prática meditativa, seja simplesmente no desenrolar do dia. É pessoal, é nosso. Pode revelar-se em qualquer instante, em qualquer situação, experiência, pensamento e emoção. Faz de nós seres maravilhosos.
Não é por acaso que detemos este privilégio de meditar. É tão louco saber que podemos ser nós mesmos e ao mesmo tempo contribuir para um bem comum.
Experiências comprovaram como podemos mudar o mundo somente com o nosso estado de consciência.
Comentamos tanto os males do mundo, e não nos lembramos que somos nós os responsáveis.
Quem já não experienciou uma alteração no contexto por ter mudado o seu estado anímico?
Medite como se fizesse parte da sua existência. Não há necessidade de provar nada a ninguém, não há a insistente procura de equilíbrio, não há o pesar das obrigações. Há só o estado, o ser, aqui e agora.
Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter
filosofia nenhuma.
Com filosofia não há
árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como
uma cave.
Há só uma janela fechada, e
todo o mundo lá fora.
É um sonho do que se poderia
ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê
quando se abre a janela.
Alberto Caeiro
At the moment we want to be something, we are no longer free.
(Jiddu Krishnamurti)
When you're a kid, you lay in the grass and watch the clouds going
over, and you literally don't have a thought in your mind. It's purely
meditation, and we lose that.
(Dick Van Dyke)
The mantra that you're given in Transcendental Meditation you keep to
yourself. The reason being, true happiness is not out there, true happiness
lies within.
(David Lynch)
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